A ameaça golpista de Trump
Portal Vermelho
Se Bolsonaro arrefeceu sua pregação contra as instituições
democráticas, agora é seu grande mestre, Donald Trump, que em desvantagem nas
pesquisas eleitorais, afirma que pode não reconhecer o resultado das urnas. É
claro, caso ele não seja o vencedor.
Razoavelmente desgastado pelo
fracasso de seu governo no combate à pandemia e no momento atrás do candidato
do Partido Democrata na corrida à Presidência da República, Trump põe em dúvida
a lisura do voto pelos correios. Expediente antigo e tido como seguro pelas
instituições estadunidenses.
Trump, um dos líderes da
corrente reacionária e de extrema-direita que ascendeu no bojo na grande crise
mundial capitalista iniciada em 2007-08, revela a essência antidemocrática
dessa corrente. Enquanto as urnas lhe são favoráveis, enaltecem o sufrágio
universal. Quando o povo se dá conta da tragédia que gente como Trump
representa, estes expoentes de um tipo de fascismo contemporâneo ameaçam romper
com a legalidade institucional.
Desse modo, um fantasma ronda as eleições presidenciais dos
Estados Unidos. E esse fantasma é a ameaça golpista de Trump. O caldo se
avolumou quando Trump anuncia a juíza Amy Coney Barrett, candidata favorita dos
conservadores, para suceder Ruth Bader Ginsburg, na Suprema Corte.
O objetivo do presidente
americano é forçar a confirmação de sua escolha pelo Senado antes da eleição
presidencial, prevista para o início de novembro. Com essa indicação célere, os
conservadores terão ampla maioria. Trump sugere que as eleições, uma vez
judicializadas, teriam a última palavra da Suprema Corte que, em tese, lhe
seria favorável.
Esse tipo de fenômeno é um
ingrediente a mais do declínio econômico, geopolítico dos Estados Unidos. A tão
enaltecida democracia estadunidense se vê ameaçada por próprio inquilino da
Casa Branca.
A pregação antidemocrática de Trump, de todo modo, é um fator
que revolve o eleitorado, força uma tomada de posição de setores políticos e
sociais no sentido de se somar forças para que as eleições representem um
rechaço a Donald Trump e a regressão civilizacional que representa.
Voltando ao Brasil, Bolsonaro,
filhote de Trump, deu uma certa trégua em suas investidas contra o regime
democrático. Mas, se adiante calcular que pode ser derrotado nas urnas,
repetirá mimético seu grande mestre.
Nenhum comentário:
Postar um comentário