Estamos a viver o período mais perigoso na história humana, alerta Chomsky
A convergência da crise
climática, ameaça nuclear e avanço do autoritarismo tornam o atual momento
histórico mais perigoso do que o dos anos 1930, alerta o intelectual
norte-americano em entrevista
Esquerda.net
Aos 91 anos,
Noam Chomsky continua ativo na intervenção cívica e política, este fim de
semana ao lado de Bernie Sanders, Naomi Klein e Yanis Varoufakis no encontro
online da “Internacional Progressista”. Entrevistado pela New Statesman Chomsky
alertou que o mundo está perante uma “impressionante confluência de crises
muito graves”, cuja dimensão ficou patente no último acerto do famoso “Relógio
do Juízo Final”. “Tem sido ajustado todos os anos desde o bombardeamento
atómico, o ponteiro dos minutos tem avançado e recuado. Mas em Janeiro passado,
abandonaram os minutos e passaram aos segundos para a meia-noite, o que
significa a extinção. E isso foi antes da escalada da pandemia”, recorda.
Para o linguista norte-americano, a ameaça de guerra nuclear
nos dias de hoje “é provavelmente mais grave do que era no tempo da Guerra
Fria”. Por outro lado, há as ameaças da catástrofe climática e da deterioração
da democracia, “que à primeira vista parece que nada tem a ver com as outras,
mas na verdade tem muito, porque a única esperança de lidarmos com as outras
duas crises existenciais, que são mesmo uma ameaça de extinção, é através de
uma democracia vibrante, com cidadãos informados e empenhados que participem na
construção de respostas a essas crises”.
Chomsky sublinha o papel de Donald Trump no agravar destas
três crises, ao destruir os mecanismos de controlo do armamento e investir em
novas armas mais perigosas, ao maximizar o uso de combustíveis fósseis e
enfraquecer a regulação ambiental e ao afastar todas as vozes dissidentes no
executivo, formando na prática uma “internacional reacionária” ao lado de
figuras como o brasileiro Bolsonaro, o egípcio al-Sisi, o indiano Modi ou o
húngaro Orbán.
“Ele já disse e repetiu que se não gostar do resultado das
eleições não sairá do lugar”, lembra Chomsky, afirmando que nesse caso existe
um dever dos militares, nomeadamente da 82ª Divisão Aerotransportada, de o
remover à força. O facto de este tema estar em cima da mesa não só não tem
precedentes no regime norte-americano, como pode ter consequências graves. No
plano de transição presidencial, altos responsáveis democratas e republicanos
têm colocado a questão de o que pode acontecer se Trump se recusar a sair e
“todos os cenários que eles levantaram conduzem à guerra civil. Isto não é uma
piada”, avisa Chomsky.
A mensagem de Chomsky para a esquerda dos EUA é que faça o
que “deve fazer sempre: reconhecer que a política verdadeira é o ativismo
constante”. O que no caso de uma eleição num sistema bipartidário significa ter
de votar no candidato que se opõe a Trump. “Mas logo depois o que há a fazer é
desafiá-lo, manter a pressão para o empurrar em direção de propostas mais
progressistas”, acrescenta o intelectual que se define como anarquista, “tal
como o é toda a gente se parar um pouco para pensar, tirando as pessoas que são
patológicas”.
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