Na Caros Amigos, artigo de José Arbex Filho: A imprensa é o mais sério e conseqüente partido da burguesia. Se a genial constatação feita por Antonio Gramsci tem validade universal, no Brasil ela assume contornos bem mais dramáticos e radicais, por uma razão muito simples nada há, no país, que limite a capacidade de ação dos donos da mídia. Basta o seguinte exemplo para demonstrá-lo, por efeito de contraste. Nos Estados Unidos, país sede do capitalismo, é proibida a propriedade cruzada dos meios de comunicação. Isso significa que um mesmo empresário ou grupo não pode exercer, simultaneamente, em dada região, o controle de mais de um veículo. Em outros termos se um sujeito é dono da emissora de televisão, não pode, ao mesmo tempo, possuir outra de rádio e nem um jornal impresso naquele local. Imagine o que aconteceria se alguém propusesse lei semelhante no Brasil. Seria imediatamente tachado de “ditador”, “censor”, “comunista”. No Brasil, os coronéis da mídia imperam, e não toleram qualquer freio, qualquer restrição ao seu poder de mando – exatamente, e não por acaso, como os proprietários do latifúndio.
O sistema de concessão do uso das ondas é simplesmente ridículo. Cada emissora pode explorar determinada freqüência por quinze anos, prazo automaticamente renovado, a menos que uma maioria absoluta (dois terços do Congresso Nacional) resolva cassar a permissão. Ora, não é necessário ser um gênio para saber que é praticamente impossível reunir um número tão grande de congressistas dispostos a desafiar o poder das emissoras, até porque um bom número deles é associado, direta ou indiretamente, às corporações da mídia. Valem, enfim, para a política de concessões as mesmas relações de trocas, favores, clientelismo e corrupção aplicados aos jogos políticos tradicionalmente praticados pelas elites em todos os setores da vida. Também vale a regra de repressão aos que desafiam o esquema a Polícia Federal é extremamente eficiente quando se trata de fechar as rádios comunitárias, a duras penas montadas por gente decente e honesta que vive nas periferias da economia.
Para ler o artigo na íntegra clique aqui: http://carosamigos.terra.com.br/da_revista/edicoes/ed114/valeapena.asp
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