Se era tão simples, por que demorou tanto?
Basta um olhar rápido nos termos do acordo firmado pelo governo federal com a Associação dos Controladores de Vôo para que nos venha a pergunta óbvia: se era tão simples, por que a crise se alastrou por longos seis meses?
Uma autoridade federal efetivamente respaldada pelo presidente da República, o ministro Paulo Bernardo, do Planejamento, ao negociar com os controladores de vôo, concordou em rever salários, criar um plano de carreira para a categoria e retirar a função da área militar.
Além disso, o governo também cancelou todas as transferências de operadores para outras cidades, ocorridas durante a crise, tidas como medidas de retaliação.
Milhares de brasileiros (e estrangeiros também) pagaram caro por tantos transtornos. Prejuízos pessoais e corporativos são enormes.
O governo também pagou um pesado preço. Sai da crise com a credibilidade arranhada e, de quebra, com um problema na área militar a ser contornado – a interpretação, por parte do alto comando da Aeronáutica, de que a hierarquia (um dos princípios basilares das Forças Armadas) teria sido quebrada com a desautorização, pelo presidente Lula, à pretendida punição dos sargentos controladores de vôo, cuja paralisação é tipificada como motim.
Alguém errou nesse desgastante episódio. Não apenas o ministério da Defesa. O próprio núcleo de governo agasalhado no Planalto mostrou-se ineficiente, uma vez que o “gabinete de crise” coordenado pelo ministra Dilma Roussef, criado por Lula, há uns meses atrás, também foi incapaz de produzir a solução para o problema.
Fica uma dura lição para o governo. A ineficiência administrativa muitas vezes transporta ao primeiro plano da cena política problemas que, embora importantes, não merecem tanto se equacionados em tempo hábil.
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