06 abril 2007

O economista do (escon) juro

Do site Luis Lassif Online:
. O economista Raul Velloso acaba de publicar a enésima versão do seu trabalho original sobre como os gastos correntes vão acabar com o Brasil. Desta vez foi por encomenda da Ação Empresarial e pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). "O crescimento do gasto público não é sustentável no tempo, pois em algum momento a carga tributária não mais poderá crescer", é sua conclusão.
. Como o pagamento de juros sai do orçamento, e o que não é pago se converte em mais dívida pública, e como é a conta de maior peso da economia, continuamos aguardando que Velloso faça o trabalho completo e inclua os juros em suas projeções.
. Poderia estimar, por exemplo, qual foi o custo efetivo dos juros adicionais pagos pelo BC, segundo os estudos de Bacha. É conta simples, ainda mais para um especialista.
. Provavelmente o que impede Velloso de calcular o peso adicional dos juros é trauma de infância. Qualquer auditor, quando vai analisar as contas de uma empresa, ou de um país, dá especial atenção aos itens de maior peso. Se o de maior peso é juros, as análises têm que focar juros. Se são outros itens, o foco deve ser nas demais contas. Por mais que seus admiradores aguardem, Velloso não consegue chegar nos juros.
. Sem os juros, a culpa pela crise brasileira fica restrita a aposentados que ganham salário mínimo, aos beneficiários do Bolsa Família, às verbas de educação e saúde – em suma, em todos os itens que se constituem em obrigação de Estado. Quando se começou a discutir o novo papel do Estado, a idéia original era a de que saísse das atividades produtivas e se concentrasse no social. Mas Velloso é implacável.

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