20 setembro 2007

Nossa coluna de toda quinta-feira no portal Vermelho

Reinventando a política

A mesmice e a rotina conspiram contra a vida; não servem ao amor nem à política. A política, tanto quanto o amor, se alimenta da criatividade e da capacidade de abordar situações novas a partir de novos olhares. É preciso reinventar sempre a política, no compasso das voltas que a vida dá.

A política eleitoral é um bom exemplo. Mesmo no Brasil, onde a cada dois anos tem eleições, é comum se dizer que cada eleição tem a sua história – e a experiência tem demonstrado que isso é a pura verdade.

Essas anotações vêm a propósito da insistência de um jovem estudante universitário pernambucano que se diz em dificuldade para entender o porquê do PCdoB ter sido sempre um paladino da unidade e agora, tendo em vista o pleito do ano que vem, considera seriamente a possibilidade de lançar candidatura própria em muitas cidades, inclusive no Recife, onde mantém há seis anos e sete meses uma sólida aliança com o PT do prefeito João Paulo.

Em demorada conversa procuramos situar o pleito de 2008 no contexto nacional e, no que concerne ao Recife, insistirmos que nossa candidatura se apresenta como uma alternativa, caso prevaleça a opção tática de uma mais de uma candidatura do campo de forças que atualmente apóiam, na cidade, os governos Lula, Eduardo Campos e João Paulo.

- A candidatura do PCdoB, com o apoio de outras legendas, correndo com a do PT, seria um caminho para a unidade, jamais fator de divisão – concluímos.

Ainda aparentemente confuso, insistiu:

- De todo jeito haveria uma ruptura entre o PCdoB e o PT e um afastamento entre o senhor e o prefeito João Paulo?

- Nem uma coisa nem outra. Prevaleceria o entendimento e a compreensão mútua, sem atritos.

- É o que senhor diz, mas será que o PT aceitaria isso?

- Creio que sim, num cenário em que fique claro que apenas um candidato do nosso campo, pelo PT, deixaria muito vulneráveis nossas forças diante de adversários que entrarão na disputa com quatro ou cinco postulantes, forçando a realização de um segundo turno.

- E em que ajudaria mais de uma candidatura?

- Ajudaria dividir o fogo dos adversários e a potencializar a busca do voto dando aos eleitores que desejam a continuidade do atual projeto político vitorioso na cidade, mas rejeitem o PT, mais de uma alternativa, e assim evitar perdermos votos para candidatos adversários.

O estudante anota tudo, diz que tem lido sobre a história eleitoral do Recife, que esse talvez seja o tema de sua monografia ao concluir o curso de Ciência Política e que pretende fazer o mestrado na UFPE. E encerra a conversa dizendo-se convencido afinal de que na política não valem esquemas rígidos.

- Ótimo! Pois leve de presente, para inspirar sua reflexão, esse poema de Cecília Meireles (Reinvenção), com esses versos sublinhados

Porque a vida, a vida, a vida,
a vida só é possível
reinventada.

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