Banqueiros contra o Brasil
Luciano Siqueira
Cada macaco em seu galho – e cada fazendo o que quer e bem entende, e não o que é necessário para a comunidade. Essa parece ser a máxima de alguns dos chamados atores econômicos presentes na cena brasileira atual – os banqueiros em especial.
Ou seja: a união de esforços para evitar que o país sofra mais do que o inevitável com a crise global esbarra em interesses mesquinhos desse segmento de classe que vive da usura.
O governo flexibilizou o compulsório na intenção de baratear o crédito. Os bancos, turbinados com a medida, preferiram compra títulos públicos ao invés de emprestar ao setor produtivo.
Agora, a taxa média de juros cai em dezembro, mas os bancos aumentam o spread. O spread é a diferença que os bancos cobram entre a captação e a concessão do empréstimo. Uma espécie de faca no pescoço de quem toma empréstimo, dizia recentemente um grande empresário pernambucano. Chega a ser mais importante do que a taxa real de juros, completava outro a seu lado.
O fato é que custo médio do crédito bancário diminuiu de 44%, em novembro, para 43,2% ao ano, no mês passado. Mas o spread aumentou 0,5 ponto percentual em dezembro, permanecendo em 18,3% para as empresas e pulando de 43,1% para 45,1% para as pessoas físicas em relação aos últimos dois meses.
Aí quase nada adianta o presidente Lula apelar por mais investimentos produtivos privados e incentivar o cidadão comum a trocar a geladeira de casa em mais uma compra a prestação. Os banqueiros não deixam, querem lucrar mais. Parecido com aqueles maus elementos que desviam donativos destinados a vítimas de calamidades públicas.
Disso decorrem três conclusões óbvias. Uma: o enfrentamento da crise é antes de tudo uma questão política e o governo tem que exercer a sua autoridade. Outra: o governo deveria atuar através dos bancos estatais no sentido de concorrerem com os bancos privados praticando spread menor. Uma terceira: é impossível avançarmos num projeto nacional de desenvolvimento sem aprimorar os mecanismos estatais de regulação da economia – sobre o setor financeiro inclusive e destacadamente.
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