02 janeiro 2009

Artigo semanal no site da Revista Algomais

Recursos humanos estratégicos
Luciano Siqueira


Em visita recente ao Centro de Ciências Exatas e da Natureza da Universidade Federal de Pernambuco, ouvi do diretor Celso Pinto que um grupo de pesquisadores alemães havia se mostrado impressionado com a elevada quantidade de jovens brasileiros dedicados à investigação científica. Algo hoje impensável nos países da Europa. Mas acontece – advertia o professor Celso – que a grande maioria perdemos justamente para a Europa Central e para os EUA, onde nossos jovens cientistas fazem o seu doutorado e lá ficam. Aqui poucas oportunidades têm de dar seqüência a seus projetos de pesquisa, por falta de condições institucionais e de infra-estrutura, além da má remuneração.

Se resolvermos esse problema – prosseguia o diretor do CCEN -, junto com a formação de pessoal técnico de nível médio, e mantendo-se o atual rumo de desenvolvimento do país, poderemos dar um grande salto como nação em não mais do que trinta anos.

Celso Pinto sabe das coisas. Testemunho sua vocação para a ciência desde que, ainda nos anos sessenta, convivemos no modesto Clube Oswaldo Cruz de Ciências Naturais, que fundei com alguns colegas e que funcionava precariamente em minha casa, em Ponto de Parada, no Recife. Seguimos trilhas bem distintas – ele virou, de fato, cientista e dos melhores, respeitado aqui e mundo afora; eu me tornei médico e pela via da militância partidária, dedico-me à luta política nas suas diversas dimensões. Mas jamais deixamos de convergir em nossos propósitos, acalentados desde a juventude, de contribuir para a construção de um Brasil democrático, progressista e independente, na perceptiva da emancipação do trabalho.

Daí porque, inspirado nas observações do velho amigo, anoto com entusiasmo os esforços do presidente Lula para fortalecer as universidades públicas, dando-lhes condições de financiamento, estimulando a pesquisa e desdobrando-as em unidades interioranas. Antes de completar três anos, no primeiro mandato, as universidades federais já haviam recuperado 80% do seu custeio e consolidado 36 novos campi.

Da mesma forma, registro a sanção, segunda-feira última, da Lei que cria 38 institutos federais de educação, ciência e tecnologia. Na educação profissional, o objetivo é alcançar em 2010 um total de 354 escolas técnicas em funcionamento. A partir daí o país ofertará anualmente 500 mil vagas nas diferentes modalidades de ensino, da educação média integrada à formação superior em tecnologia.

Um importante passo, sem duvida, na direção do desenvolvimento sustentável e soberano.

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