Miró
Marca de governo: pessoal e
intransferívelLuciano Siqueira
Publicado no Blog da
Folha
No início, os primeiros registros na imprensa sugeriam uma
espécie de imitação (sic) de gestor bem sucedido – no caso, o governador
Eduardo Campos. Agora, passados quase quinze dias do novo governo, já se
reconhece que se trata de algo pessoal, como assinala a Folha de Pernambuco em
matéria publicada no último domingo. O prefeito Geraldo Julio imprime marca
própria ao seu iniciante governo.
E assim ocorre com todo governante, seja qual for o traço
dominante de sua personalidade ou o tamanho da sua liderança. Para o bem ou
para o mal.
É fato que a história registra gestores consagrados prelo
êxito e pela aprovação popular, assim como desempenhos sofríveis, quase sem uma
marca definida – ou, pior, marcados pelo traço da inoperância e da incapacidade
de liderar. Ou ainda por outras características mais depreciativas, no caso dos
que enveredaram por práticas questionáveis do ponto de vista ético.
Na matéria da Folha, registram-se iniciativas consonantes
com os compromissos programáticos assumidos na campanha eleitoral. O anúncio da construção do primeiro Hospital
da Mulher, já no primeiro dia efetivo de governo, concretizando parcerias com o
governo federal – que cedeu o terreno – e com o governo estadual – que
contribuiu com o projeto da obra. Na mesma linha, a realização do mutirão de
limpeza da cidade, sob inspeção direta do prefeito; e o primeiro Compaz, com o
benefício da cessão das instalações e do terreno do antigo Clube Chesf.
Acontece que a
marca que o novo prefeito imprime à sua gestão vai mais além. Também refletindo
performance alcançada na campanha eleitoral, mostra-se hábil politicamente,
seja na montagem dos primeiros escalões do governo, seja na condução da ação
administrativa cotidiana. A capacidade de ouvir, de considerar as diferenças e
de decidir de modo a unir consciências e vontades tem sido elemento
determinante na mobilização bem sucedida do conjunto da equipe.
E é imprescindível
que assim seja, pois o cargo que exerce envolve duas dimensões distintas e entrelaçadas:
a política e a administrativa. O poder local é, na essência, um ente político. Atua
como mediador do conflito social que se dá no território da cidade. O prefeito
lidera uma coalizão partidária e social. Há que agir com descortino, habilidade
e determinação, agregando sempre, ampliando mais ainda. Exercendo a hegemonia
em ambiente largo e plural.
No aspecto
administrativo, há que reunir liderança, conhecimento técnico e aptidão para
distribuir responsabilidades, controlar e medir resultados.
Muito cedo ainda para se avaliar o desempenho de alguém cuja missão se realizará em quatro anos. Mas já há uma marca própria – pessoal e intransferível -, afirmativa e perceptível pela população.
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