13 abril 2013

Política, ciência & arte

Coisas da arte e da política
Luciano Siqueira

 
No pavilhão dos presos políticos, em Itamaracá, meados dos anos 70, éramos requisitados por companheiros poetas e contistas para ler seus originais. Sustentávamos intermináveis diálogos sobre conteúdo e forma - sem qualquer conhecimento da teoria literária. É que se sentiam confortados – diziam - com o depoimento de alguém que lhes transmitia uma percepção intuitiva, despida de filigranas próprias de especialistas.

E assim esse leitor, ouvinte e observador nada sofisticado seguiu a vida cultivando um prazer quase ingênuo, em matéria de arte. Críticos e analistas são outra espécie de gente.

Daí a surpresa ao ver a telemática invadir o modo de se expressar de todos nós, incluindo os artistas, agregando formas e técnicas nunca antes imaginadas. Como a tal da nanoarte, que manipula elementos em escala atômica, explorando ondas provocadas pelo som da voz, espécie de coreografia molecular – segundo reportagem do jornal O Globo.

Tem também a bioarte e a arte transgênica, que propõem experiências incríveis, como modificar geneticamente um coelho para que, dependendo do nível de exposição à luz, torne-se fluorescente. Arre!

E a arte da política? Essa, ao contrário, não comporta ingenuidades. Se levada a sério, exige uma boa formação cultural e teórica, além da intuição e da sensibilidade que se adquire com a vivência. Aqui a coreografia é a das vaidades; e mais do que das vaidades, dos interesses de classe, velados ou explícitos. Nada ocorre por mero acaso. A política é a face institucional da vida como ela é – e a vida, numa sociedade como a brasileira, é movida pelos conflitos de classes, por mais camuflados que estes se apresentem. Por isso, é preciso ir além das aparências; perscrutar as verdadeiras intenções de cada um dos atores e grupos envolvidos numa batalha política – como o pleito do próximo ano, por exemplo.

Serão eleições gerais, de irrecusável sentido nacional – pelo conteúdo do debate e pelos resultados das urnas. Os brasileiros e brasileiras terão que escolher, mais uma vez, dentre projetos de sociedade díspares e conflitantes.

Daí a necessidade de se distinguir o joio e o trigo. Quem propõe o quê para o enfrentamento dos problemas centrais do País e de que lado cada um se posiciona acerca de distintos projetos de desenvolvimento.

Aos que pelejam por mudanças reais, que avancem no sentido do crescimento econômico com distribuição de renda, valorização do trabalho e sustentabilidade ambiental, cabe enfrentar a batalha com muita ciência e arte. Para vencer no embate das ideias e continuar empolgando o povo.
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