Luciano Siqueira
Publicado no Vermelho www.vermelho.org.br
Dentre as muitas diferenças entre o desempenho da economia
nos países capitalistas centrais (Europa principalmente) e o Brasil, em tempo
de crise global, está o fato de que lá há uma combinação maléfica de retração
econômica com exclusão social, levando o desemprego a taxas absurdas, como na
Espanha, que chega a 30% da população economicamente ativa; e aqui, ainda que
insuficiente em função de nossas imensas demandas, há crescimento econômico com
ampliação de postos de trabalho. Tanto que operamos com taxa de desemprego em
torno de 5% - vale dizer, tecnicamente num cenário de pleno emprego.
Em artigo recente, o economista João Sicsú, do Ipea, analisa dados referentes
aos últimos dez anos, afirmando que “está
provado que, quando há crescimento, o número de empregos com carteira assinada
aumenta”. Isto a partir de políticas econômicas e sociais implementadas por
Lula e Dilma, com resultados exuberantes: em 2003, a taxa média de desemprego
era de 12,3%; em 2012, despencou para 5,5%.
Além disso,
parte expressiva dos postos de trabalho criados é formal, seus ocupantes
possuem carteira assinada ou são estatutários, fazendo jus aos direitos
trabalhistas. Exatamente o inverso do que afirmavam os arautos do
neoliberalismo, nos oito anos de Fernando Henrique Cardoso, que sustentavam a
tese de que a formalização onerava demasiadamente os empresários. Daí
defenderem reforma nas leis trabalhistas restritiva dos direitos dos
assalariados.
O período
Lula-Dilma provou o inverso: crescimento econômico pode rimar, sim, com
expansão das oportunidades formais de trabalho. O que ocorria antes, isto sim,
era a retração insuportável das atividades econômicas suplantadas pela
orientação de governo que priorizava a financeirização da economia. As
prioridades se inverteram – e a estatísticas também.
Em paralelo
a essas constatações emerge outra, que pode ser posta em prospecção. A
tendência natural dos milhões de brasileiros que conquistaram emprego com
carteira assinada é fazer uma opção eleitoral que lhes dê a perspectiva de
continuidade de políticas públicas que assegurem estabilidade na ascensão
social conquistada.
Daí o
desafio das oposições, que buscam – e até agora não alcançaram – o discurso que
possa desconstruir as bases sólidas de apoio do governo junto aos denominados
segmentos C, D e E, beneficiários diretos da inclusão produtiva. Uma empreitada
muito difícil.
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