Luciano Siqueira, no Blog
da Folha
Recentemente, o noticiário registrou discrepâncias importantes entre os discursos de posse dos ministros Patrus Ananias, do Desenvolvimento Agrário, e Kátia Abreu, da Agricultura, em torno do real peso da propriedade latifundiária no campo brasileiro na atualidade. Mais do que uma questão quantitativa, há elementos de conteúdo importantes, relacionados com o nível da evolução da grande propriedade rural, do ponto de vista das forças produtivas e da inserção no todo da economia nacional e em que grau persiste o latifúndio improdutivo, passivo de reforma agrária de caráter distributivo.
O tema suscita importante e oportuno debate, vez que se trata de um dos pilares do projeto nacional de desenvolvimento que se vem construindo há pouco mais de doze anos. Esse debate transcorre em círculos mais atentos, direta ou indiretamente envolvidos com a questão agrária e o desenvolvimento agrícola do país.
Recentemente, o noticiário registrou discrepâncias importantes entre os discursos de posse dos ministros Patrus Ananias, do Desenvolvimento Agrário, e Kátia Abreu, da Agricultura, em torno do real peso da propriedade latifundiária no campo brasileiro na atualidade. Mais do que uma questão quantitativa, há elementos de conteúdo importantes, relacionados com o nível da evolução da grande propriedade rural, do ponto de vista das forças produtivas e da inserção no todo da economia nacional e em que grau persiste o latifúndio improdutivo, passivo de reforma agrária de caráter distributivo.
O tema suscita importante e oportuno debate, vez que se trata de um dos pilares do projeto nacional de desenvolvimento que se vem construindo há pouco mais de doze anos. Esse debate transcorre em círculos mais atentos, direta ou indiretamente envolvidos com a questão agrária e o desenvolvimento agrícola do país.
A
afirmação da ministra Kátia Abreu de que não há mais latifúndio no Brasil não
se sustenta. Na verdade, aproximadamente 130,3 mil latifúndios ou grandes
propriedades rurais, ocupam uma área superior a 244,7 milhões de hectares. Sendo
que 2,3% dos proprietários concentram 47,2% de toda área disponível à
agricultura – e a dimensão média das propriedades é de 1,8 milhão de hectares (18
mil quilômetros quadrados). Cerca de 50% dessas propriedades permanecem
improdutivas.
Daí o
ministro Patrus Ananias, no polo oposto, haver proclamado a necessidade de se
debater o sentido social da propriedades rural e de se retomar, em padrão
consentâneo com as conquistas sociais em curso, a reforma agrária.
Duas abordagens políticas de um
mesmo tema essencialmente opostas. Perfeitamente compreensíveis num governo de coalizão
ampla, plural e heterogênea. Nada que se possa considerar absurdo ou
inaceitável. Até porque governo é ente vivo, comporta visões distintas entre
seus integrantes, que podem concorrer para a construção da unidade em torno de
questões candentes em patamar mais avançado.
O que não cabe - e aí se reconhece um limite real - é a superposição de distintas visões (partidárias, técnicas, conceituais) para além do Programa do governo, que vem a ser o ponto de convergência do heterogêneo arco de forças partícipes da gestão.
O que não cabe - e aí se reconhece um limite real - é a superposição de distintas visões (partidárias, técnicas, conceituais) para além do Programa do governo, que vem a ser o ponto de convergência do heterogêneo arco de forças partícipes da gestão.
Precisamente isso: forças distintas, portadores de
diferentes visões da realidade brasileira, convergem em torno de propósitos de
curto e médio prazo, sob a hegemonia de determinada corrente política. O Programa
apresentado na campanha e respaldado pela maioria eleitoral conquistada há de
ser a referência essencial da unidade política e administrativa possível. Sob o
comando, no caso, da presidenta Dilma e da corrente política a que pertence, hegemônica
na coalizão.
Ilustração: Do site queconceito.com.br
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