Para quem pode. E quer
Luciano Siqueira, no Blog da Folha
Nem precisa consultar compêndios de
história política - embora, desde priscas eras, a lição esteja inscrita na
experiência dos povos do mundo. E do povo brasileiro também.
Em toda e qualquer peleja, os lados
oponentes buscam, cada qual a seu modo, reunir forças no intuito de sobrepujar
o adversário.
Vladimir Ilytch Uliánov, conhecido por Lênin,
genial líder da Revolução Russa, resumiu: trata-se de unir as forças estrategicamente
comprometidas com o objetivo comum, atrair todas as demais suscetíveis de serem
atraídas - mesmo vacilantes e apenas momentaneamente aliadas - e neutralizar as
que não admitem a aliança, para isolar e derrotar o adversário principal.
Isto porque cumpre construir correlação
de forças favorável, sem o que a vitória mostra-se praticamente impossível.
E disse mais: a alma da política é a
tática, e a essência da tática está na correlação de forças.
Dito assim, parece que estamos
rascunhando um esquema meramente teórico. Mas não é. Vale para as grandes e
prolongadas batalhas e para as lutas setoriais, imediatas, de curto
prazo.
Vale sobretudo para a presidenta Dilma,
que enfrenta atribulado início do seu segundo governo.
Pois se é certo que uma confluência de
fatores negativos - externos e internos - em muito contribui para a situação atual
adversa, é igualmente certo que a saída há de ser pela política. Quer dizer:
mediante tática correta e consequente.
E bem que a presidenta pode trabalhar
nessa direção. Tem muito que apresentar - inclusive quanto ao combate à
corrupção.
Poder, pode; cabe verificar se quer.
Não faltam à presidenta escopo moral,
coragem política, determinação.
Faltam à presidenta - pelo menos assim
parece - vontade de trilhar um caminho tático hábil e objetivo.
As forças com as quais pode se aliar
são as forças em presença na cena política nacional. De nada adianta o desejo
de que não fossem essas, e sim outras - de perfil e comportamento mais elevado.
E tem a força das ruas, que as implicações
imediatas do ajuste fiscal dificultam sensibilizar, unir e mobilizar.
No campo oposto, as oposições não têm
um programa alternativo ao do governo, têm a linha do retrocesso e do
aprofundamento das dificuldades econômicas via cartilha pró oligarquia
rentista, em prejuízo da grande maioria.
Assim, a pedra de toque hoje, do ponto
de vista do governo, é a união de forças - a partir de um núcleo de apoio
direto à presidenta, no âmbito do ministério, passando pelos partidos e
segmentos sociais identificados com as transformações processadas nos últimos
doze anos e alcançando segmentos outros que, embora conservadores, não desejam
a instabilidade política e econômica e o caos.
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