21 dezembro 2016

Ponto para os governadores

Centro pendular desafia Temer
Luciano Siqueira, no Blog de Jamildo

O centro político— aquelas correntes relativamente distantes tanto da esquerda com o da direita - é oscilante em qualquer parte do mundo.
No Brasil não é diferente. Nossa particularidade pode ser a velocidade com que o centro realiza seus movimentos pendulares, na proporção direta da crônica instabilidade política institucional que nos caracteriza e conforme a correlação de forças em cada momento.
Foi porque teve a capacidade de atrair o centro que Lula se elegeu duas vezes presidente da República e Dilma, idem. 
Igualmente, mercê de muitos erros táticos, Dilma iniciou sua derrocada quando o centro se deslocou para direita e encampou a proposta do impeachment.
Ontem, por larga maioria de 296 votos favoráveis e 12 contra, a Câmara dos Deputados aprovou projeto de lei do Executivo que estabelece o alongamento da dívida dos estados para com a União por 20 anos e a suspensão do pagamento das parcelas vencidas até o final deste ano, com retomada gradativa a partir de 2017.
Com um detalhe: escoimando do projeto o conjunto das exigências nele contidas por imposição do Ministério da Fazenda, todas sintonizadas com o pesado ajuste fiscal de conteúdo neoliberal que Temer tenta realizar.
Do ponto de vista político, uma tremenda derrota do governo — com um detalhe significativo, a substancial mudança de humores do chamado "centrão" que é parte decisiva da base de sustentação do governo.
Uma vitória dos governadores, que orientaram deputados dos seus estados nessa direção.
Sem dúvida, um sinal de deterioração das condições políticas congenitamente precárias do governo Temer. 
E um vivo fator de incremento da instabilidade.
Ao mesmo tempo um aviso ao setor econômico do governo de que os deputados em sua maioria certamente não estarão dispostos a encarar o desgaste da aprovação do pacote de maldades advindo do Palácio do Planalto. 
Diante do fato, dois desafios: para o próprio governo Temer, o de restabelecer suas relações harmônicas (e promíscuas) com a sua base fisiológica, sob pena de não governar; para oposição, a chance de explorar as contradições nas hostes governistas e ganhar terreno numa correlação de forças temporariamente muito adversa. 
Agora, os deputados e senadores terão o interregno do Natal e do réveillon para visitarem suas bases e provavelmente retornarão em 2017 em algum grau influenciados pelo mau humor da população em relação ao caráter regressivo de conquistas e direitos das medidas adotadas pelo governo Temer.
Em que isso dará, veremos.

Leia mais sobre temas da atualidade: http://migre.me/kMGFD

Nenhum comentário: