A saída há de ser construída a muitas
mãos
Luciano Siqueira, no Blog de Jamildo/portal ne10
Não é uma mera suposição. É uma lei da História: país nenhum supera crises pela
ação de uma única corrente política. Nem de líderes messiânicos.Luciano Siqueira, no Blog de Jamildo/portal ne10
Natural que
em certas circunstâncias um partido se sobressaia, à testa da coalizão que
lidera e exerça a hegemonia.
Também é
natural que se destaquem líderes, postos em lugar proeminente por força das circunstâncias
e de atributos pessoais.
Mas a
superação dos obstáculos que se interpõem à trajetória progressista de uma
sociedade há de se construir sempre a muitas mãos. Para o bem ou para o mal.
Na história
do Brasil, alianças amplas e diversificadas foram fundamentais não apenas em
lutas e conquistas marcantes em nossa evolução civilizatória - a Independência,
a República, a Abolição, a Revolução de 30; como, mais recentemente, na
superação do Estado Novo e na derrocada da Ditadura Militar e nos treze anos de
governos Dilma-Lula, com imensas conquistas sociais.
De outra
parte, a ascensão da direita e a ampla atração de forças centristas
possibilitou o impeachment da presidenta Dilma, mesmo sem crime de responsabilidade,
como reza a Constituição.
A promessa
era de “apaziguar” a nação e retomar o crescimento econômico.
Na
prática, os resultados têm sido o inverso. A crise econômica se aprofunda, o
governo se atola em suas próprias contradições e em lamaçal ético (seis
ministros caíram em tempo recorde de seis meses!) e o presidente não viaja com
receio de ser execrado publicamente.
O
Congresso Nacional, envolto na dispersão e no predomínio de grupos retrógrados
e fisiológicos, encara a agenda regressiva em meio à própria desmoralização.
O
Judiciário exorbita de seus poderes e abre conflito frontal com a o
Legislativo.
Uma casta
situada no Ministério Público Federal e em parte do Judiciário e da Polícia
Federal ocupa espaço constante e em nome do combate à corrupção desrespeita as
normas constitucionais e processuais, reproduzindo agora, com ares “civis”,
procedimentos próprios da ditadura militar.
A grande mídia
monopolizada – na prática, um dos poderes reais da República -, comprometida
fundamentalmente com o interesses do mercado financeiro e avessa à defesa de
nossa soberania, parece perder o controle sobre si mesma: abandona
gradativamente o “seu” governo Temer e não sabe ainda para onde ir.
A aliança
PSDB-PMDB faz água a todo instante, a ponto do ex-presidente Fernando Henrique
Cardoso se referi ao governo como uma “pinguela” frágil, porém a única ponte
existente para um futuro mediato em que possa prevalecer novamente o figurino
neoliberal. O mesmo praticado na Zona do Euro, de consequências tão nefastas
quanto imprevisíveis.
Um cenário
de ameaças, que beira o caos institucional e social.
Nesse
contexto, às correntes políticas que resistem cabe encontrar o caminho de uma
concertação ampla, plural e unitária, a partir do binômio produção e trabalho.
Para recuperar a economia, estancar a crise social e salvar as instituições
democráticas.
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