Um serviçal na
corda bamba
Luciano Siqueira, no Blog da Folha
Esses são os números da última pesquisa Datafolha acerca de
Temer e seu governo: de cada três cidadãos ouvidos, dois acham que o presidente
é “falso”; 58% o consideram desonesto; 75% o vêem comprometido com os
interesses dos ricos e apenas 7% o acham preocupado com os pobres. Para 63% ele
deve renunciar já.
Que tal? Um desastre, óbvio.
Quando da derrocada de Dilma sob o bombardeio midiático e em
meio ao agravamento da crise econômica, com índices menos dolorosos o mesmo
Temer, em debate com empresários paulistas, dizia que nenhum governo com tal
desempenho nas pesquisas poderia se sustentar.
E agora: o dele se sustenta?
Ele se move com seu jeito vampiresco, batendo às portas dos senhores
do mercado financeiro, dos quais é serviçal, e foi de pires na mão implorar
trégua aos donos da Rede Globo.
Enquanto isso, à base do toma lá dá cá, se apóia na maioria
parlamentar mista – parte conscientemente neoliberal, parte abertamente
fisiológica – para avançar sobre necessidades e direitos do povo.
Assim, aprovou a PEC 241/55, que restringe os gastos públicos,
e desencadeou a reforma previdenciária, dentre outras iniciativas do chamado
pacote de maldades.
Pressionado pela sua própria base de sustentação, que lhe
cobra a promessa de reativação da economia no pós-impeachment, alinhava um “pacotinho”
de última hora para estimular o consumo nesse anêmico fim de ano.
Encurralado, débil, desnorteado – esses são os traços marcantes
do presidente e do seu governo.
Além disso tudo, a instabilidade e o nervosismo em razão das
revelações de delatores ligados à Odebrecht, que atingem o próprio presidente e
seu grupo palaciano.
Desde que Geddel Vieira foi abatido em pleno vôo – o sexto
ministro em apenas seis meses! –, negocia com o chamado “centrão”, sem sucesso,
o nome do ministro substituto.
A ideia de um tucano no cargo seria uma sinalização para o
PSDB, seu aliado principal e ao mesmo tempo instrumento de pressão do mercado
sobre o governo. Mas os fisiológicos reagem.
Demais, Temer tem dito que a partir de agora só nomeará novos
ministros “limpos”, sem qualquer envolvimento com a corrupção. Por que tanta
dificuldade em encontrar nomes com esse perfil entre seus apoiadores?
A despeito da agonia, tudo indica que o governo sobrevive ao
peru de Natal. Mas após o réveillon, a crise ganhará contornos mais graves e temperatura
mais elevada.
Uma PEC que possibilite a realização de eleições diretas
será a saída, casada com alguma forma de interrupção do atual governo. E pode
se viabilizar, na medida em que os próprios tucanos consideram imprevisível o resultado
de um pleito indireto no colégio eleitoral formado pelo Senado e pela Câmara.
Veremos.
Acesse
https://www.facebook.com/LucianoSiqueira65/ * https://twitter.com/lucianoPCdoB * Instagram
lucianosiqueiram
Nenhum comentário:
Postar um comentário