Enio Lins
Segundo turno sem a polêmica necessária
Luciano Siqueira, no Blog de Jamildo/portal ne10
Eleições ditas majoritárias — sobretudo para cargos executivos: presidente, governador e prefeito — no Brasil sempre carecem de um debate realmente esclarecedor.
Luciano Siqueira, no Blog de Jamildo/portal ne10
Eleições ditas majoritárias — sobretudo para cargos executivos: presidente, governador e prefeito — no Brasil sempre carecem de um debate realmente esclarecedor.
Por razões diversas, entre as
quais a sobreposição de artifícios midiáticos sobre ideias programáticas, o
eleitor escolhe sem conhecimento claro do que cada postulante efetivamente
propõe.
No primeiro turno do pleito
presidencial, o número exagerado de candidatos e as regras restritivas dos
debates organizados pelas redes de TV expuseram apenas fragmentos dos programas.
Sem nitidez.
Assim mesmo justo o candidato que
passou ao segundo turno na dianteira esteve ausente.
Agora, apenas dois disputam e a
expectativa óbvia é de um confronto de ideias divergentes sobre questões
cruciais que dizem respeito aos rumos do Brasil. Olhos nos olhos e à
vista de milhões.
Mas os médicos que atendem ao capitão
Bolsonaro o interditam nesta primeira semana, sob alegações clínicas; e não há
nenhuma segurança de que possam liberá-lo na semana vindoura.
Sem entrar no mérito clínico, apesar
da desconfiança generalizada, o País está sendo privado de um confronto de
ideias indispensável, pela voz dos dois contendores.
Mais grave ainda é que justamente
o capitão reformado construiu sua trajetória via monólogo através das redes
sociais.
Não discute, afirma. E seus
seguidores simplesmente reproduzem e espalham.
Reprodução em escala e forma
diferente, mas assemelhada, aos idos do regime militar em que a escolha do
mandatário se fazia circunscrita ao Estado Maior das Forças Armadas.
Supõe-se que, submetido à arguição
do adversário e de jornalistas, o candidato do PSL poderia se ver em
desvantagem, tamanha a superficialidade de suas ideias, fragilidade dos seus
fundamentos.
Ausente com a justificativa
médica, o capitão escapa.
Assim, no instante mais importante
da vida política da nação, corre-se o risco de se finalizar disputa tão
dramática de modo nada democrático.
Mais: sob a ameaça de triunfo de
uma proposta que questiona as bases democráticas da Constituição e, mesmo sem qualquer
indicio, põe em dúvida a lisura do sistema eletrônico do voto.
Dessa forma, apenas imposta, sem o
crivo da polêmica democrática.
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