10 outubro 2018

Fugindo da raia


Enio Lins
Segundo turno sem a polêmica necessária
Luciano Siqueira, no Blog de Jamildo/portal ne10


Eleições ditas majoritárias — sobretudo para cargos executivos: presidente, governador e prefeito — no Brasil sempre carecem de um debate realmente esclarecedor.

Por razões diversas, entre as quais a sobreposição de artifícios midiáticos sobre ideias programáticas, o eleitor escolhe sem conhecimento claro do que cada postulante efetivamente propõe.

No primeiro turno do pleito presidencial, o número exagerado de candidatos e as regras restritivas dos debates organizados pelas redes de TV expuseram apenas fragmentos dos programas. Sem nitidez.

Assim mesmo justo o candidato que passou ao segundo turno na dianteira esteve ausente.

Agora, apenas dois disputam e a expectativa óbvia é de um confronto de ideias divergentes sobre questões cruciais que dizem respeito aos rumos do Brasil. Olhos nos olhos e à vista de milhões.

Mas os médicos que atendem ao capitão Bolsonaro o interditam nesta primeira semana, sob alegações clínicas; e não há nenhuma segurança de que possam liberá-lo na semana vindoura.

Sem entrar no mérito clínico, apesar da desconfiança generalizada, o País está sendo privado de um confronto de ideias indispensável, pela voz dos dois contendores.

Mais grave ainda é que justamente o capitão reformado construiu sua trajetória via monólogo através das redes sociais.

Não discute, afirma. E seus seguidores simplesmente reproduzem e espalham.

Reprodução em escala e forma diferente, mas assemelhada, aos idos do regime militar em que a escolha do mandatário se fazia circunscrita ao Estado Maior das Forças Armadas.

Supõe-se que, submetido à arguição do adversário e de jornalistas, o candidato do PSL poderia se ver em desvantagem, tamanha a superficialidade de suas ideias, fragilidade dos seus fundamentos.
Ausente com a justificativa médica, o capitão escapa.

Assim, no instante mais importante da vida política da nação, corre-se o risco de se finalizar disputa tão dramática de modo nada democrático.

Mais: sob a ameaça de triunfo de uma proposta que questiona as bases democráticas da Constituição e, mesmo sem qualquer indicio, põe em dúvida a lisura do sistema eletrônico do voto.

Dessa forma, apenas imposta, sem o crivo da polêmica democrática.

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