O
decreto das armas num país pacífico
Raimundo Carrero, no
Diário de Pernambuco
Pois
é, este decreto das armas, assinado por Bolsonaro, esses dias, me causa
arrepios. Sou um pacifista, por natureza. Talvez ingênuo, quem sabe romântico,
mas a violência que vejo não me parece manifestação de país conflagrado. Somos
um povo de reações fortes, não violentas.
O que me incomoda, grandemente, é que o
decreto parece responder por todo um programa de Governo. Na falta de um
programa político-social, que veja o país em seus diversos ângulos, e projete
um desenvolvimento sólido, com raízes na educação, na economia, no social, com
uma ampla visão da nossa formação e da nossa estrutura, este Governo se volta
para o imediato do rifle e da espingarda disputando balas e tiroteios.
É claro que precisamos de um algum combate, de alguma reação, de alguma força, mas transformar tudo isso em programa de Governo é de uma pobreza franciscana assustador. Enquanto a educação sofre um contingenciamento – para não dizer corte, basta o apelido – de fechar portas, o zunir da bala estoura nossos ouvidos.
Contingenciamento ou corte, seja lá o que for, o dinheiro vai faltar e as universidades vão viver dias de penúria. Podemos andar armados ou atirar, mas faltarão recursos para um caderno de anotações. Espantoso. De uma crueldade absoluta. Sem dúvida.
Explica um pouco aqui, explica um pouco ali, mas tudo é inquietante. Basta ver aquela imagem emblemática da assinatura do decreto em que o presidente aparece rindo ao lado de deputados e senadores imitando empunhar armas e, mais do que isso atirando. Assemelham-se a adolescentes rindo para a câmara fotográfica, gritando: “Papai me deu um revólver”, em pleno pic-nic.
A minha família é inteiramente pacífica. Em nossa casa em Salgueiro nunca entrou uma arma. Nem mesmo uma peixeira. É claro que sempre tivemos as chamadas “armas” da cozinha: os talheres, mas nos proibiam de andar, meninos, com as facas. Nunca peguei num revólver. Num atirei.Tenho meus escrúpulos com armas. Sempre. Em qualquer situação.
Nasci e vivi numa cidade pacífica do sertão. Conta Orlando Parahym, num dos seus escritos, que a cadeia pública de Salgueiro passou seis meses pra ser inaugurada por falta de criminosos. Não havia sequer um bêbado jogado na calçada. É claro que tivemos crimes. Muitos. Mas vivemos soberanamente em paz.
É claro que precisamos de um algum combate, de alguma reação, de alguma força, mas transformar tudo isso em programa de Governo é de uma pobreza franciscana assustador. Enquanto a educação sofre um contingenciamento – para não dizer corte, basta o apelido – de fechar portas, o zunir da bala estoura nossos ouvidos.
Contingenciamento ou corte, seja lá o que for, o dinheiro vai faltar e as universidades vão viver dias de penúria. Podemos andar armados ou atirar, mas faltarão recursos para um caderno de anotações. Espantoso. De uma crueldade absoluta. Sem dúvida.
Explica um pouco aqui, explica um pouco ali, mas tudo é inquietante. Basta ver aquela imagem emblemática da assinatura do decreto em que o presidente aparece rindo ao lado de deputados e senadores imitando empunhar armas e, mais do que isso atirando. Assemelham-se a adolescentes rindo para a câmara fotográfica, gritando: “Papai me deu um revólver”, em pleno pic-nic.
A minha família é inteiramente pacífica. Em nossa casa em Salgueiro nunca entrou uma arma. Nem mesmo uma peixeira. É claro que sempre tivemos as chamadas “armas” da cozinha: os talheres, mas nos proibiam de andar, meninos, com as facas. Nunca peguei num revólver. Num atirei.Tenho meus escrúpulos com armas. Sempre. Em qualquer situação.
Nasci e vivi numa cidade pacífica do sertão. Conta Orlando Parahym, num dos seus escritos, que a cadeia pública de Salgueiro passou seis meses pra ser inaugurada por falta de criminosos. Não havia sequer um bêbado jogado na calçada. É claro que tivemos crimes. Muitos. Mas vivemos soberanamente em paz.
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