03 junho 2020

Diversidade e amplitude


#Somos70porcento. Sim, e daí?!
Edilson Silva*


A hastag “somos70porcento” invadiu as redes sociais no Brasil. Este “rótulo” é multidimensional, pode significar muitas posições políticas, mas há algo que unifica todas essas dimensões sob uma só “palavra de ordem”: do outro lado há um obstáculo resistente de 30%, como mostram incontáveis pesquisas. Este obstáculo vem usando a hastag “somos57milhões”.
Os 70%, ao se “entrincheirarem” neste rótulo, demonstram um salto positivo na conscientização sobre o que está acontecendo neste momento. Querem se diferenciar dos 30% que vão se desnudando dia após dia em sua identificação consciente com um fascismo e uma malignidade indisfarçáveis.
Aliás, esses 30% não disfarçam, eles ostentam e se orgulham de seu terraplanismo, de sua anti ciência, machismo, racismo, falta de cultura, descuidado com o meio ambiente, com a covid19. São um elogio consciente à ignorância e à truculência. O seu ministro da educação, Weintreub, é um ícone. E estão compactados exatamente por estas “patologias”.
Mas os 70% ainda não entenderam (ou não aceitam) plenamente sua diversidade interna e, mais ainda, as contradições que precisam ser administradas e colocadas em segundo plano neste momento.
Nestes 70% estão o Lula, o Ciro, o Flávio Dino, a Marina Silva, o Boulos, o Molon. Difícil, do centro pra esquerda, né? Pois coloque também o Rodrigo Maia, o Dória, o Moro, o Witzel, a Globo, o Luciano Huck, a OAB, CNBB, ABI, até o Datena, agora. Só pra ficar mais amplo e representativo, e difícil, coloca também a Anitta e o Felipe Neto, e, literalmente, as torcidas do Corinthians e do Flamengo. É disso que se trata.
Se quisermos ter uma ação compacta, unificada no tempo e no espaço, capaz de ser um amplo movimento que imponha uma derrota aos resistentes 30%, temos que, todos, todos os representativos destes 70%, responder a uma mesma pergunta e buscar encontrar uma mesma resposta: que ação concreta vamos fazer para encerrar este governo de morte e começar a baixar a moral dos fascistas, de forma que eles voltem para seus armários?
Sem este esforço, continuaremos sendo os 70% dispersos. Há golpistas arrependidos, há antipetistas, petistas, ciristas e anticiristas, antiesquerdistas, esquerdistas, anarquistas, isentões arrependidos, liberais e neoliberais, há oportunistas de toda sorte. Mas esta é a variada matéria prima dos 70%.
Da pra sentir que caminhamos para uma unidade, porém o ritmo desta construção está lenta e a ampulheta da morte por conta da pandemia não dá tréguas e o desmonte de nossa democracia constitucional também está acelerado. Que nossas lideranças maiores percebam isso e construam as condições para ações concretas e unificadas contra a insanidade que toma conta do país. Por uma Frente Ampla pela Democracia e em Defesa da Vida.
*Edilson Silva é presidente da UNEGRO no Recife e foi deputado estadual

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