Para o
PCdoB, frente ampla cresce e pode isolar e derrotar Bolsonaro
Blog do Renato www.renatorabelo.blog
Em reunião virtual
realizada nesta sexta-feira (19), a Comissão Política Nacional (CPN) do Partido
Comunista do Brasil (PCdoB) destacou que a frente ampla brota com vigor e que
Bolsonaro e seu clã estão acossados pelas armas do Estado Democrático de Direito.
Para
o PCdoB, a oposição está se fortalecendo, mas, em especial no âmbito da
esquerda, há concepções equivocadas que subestimam e hostilizam a frente ampla.
“Isso é desserviço ao Brasil e ao povo”, polemiza a nota.
A
CPN também definiu que o descaso de Bolsonaro com as mortes pela Covid-19
também demonstra a sua incompatibilidade com o cargo. A inação do governo
diante do agravamento da crise econômica é outro fator que faz Bolsonaro não
estar à altura das responsabilidades das funções de presidente da República.
De
acordo com o documento, o presidente se utiliza dessa tragédia social para
tentar subjugar os demais Poderes da República a seu projeto de um regime
autoritário e policial, sepultando a democracia. A nota defende a instalação de
uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar as evidências de
crimes que pesam sobre o presidente.
Finalmente,
o documento da CPN reforça que, na pré-campanha eleitoral, é importante apontar
propostas focadas na defesa da democracia, no combate ao autoritarismo, na
proteção social, na defesa da vida, na geração de empregos e na retomada da
atividade econômica, sobretudo com o apoio às micro, pequenas e médias
empresas.
Leia
a íntegra:
Frente
ampla para isolar e derrotar Bolsonaro
O
governo de Jair Bolsonaro prossegue com sua marcha irresponsável, empurrando o
país no rumo do desastre, agravando crescentemente as crises sanitária,
econômica, política e institucional. Os crimes de Bolsonaro, de seu clã e de
ministros começam a ser investigados e o presidente sente o peso das armas do
Estado Democrático de Direito.
O
Brasil tem mais de um milhão de casos confirmados, é o segundo país em número
de vítimas da Covid-19 e perto de 50 mil pessoas já perderam a vida. Tragédia
que acarreta luto e dor sem tamanho para as famílias.
A economia, que antes
da pandemia já estava atrofiada pelo receituário ultraliberal de
Bolsonaro-Guedes, terá neste ano, segundo prognósticos, uma queda aproximada de
8% do PIB; pior previsão entre os países latino-americanos. O custo social e
econômico dessa brutal recessão é elevadíssimo. Alastram-se a miséria, o
desemprego e a quebradeira de empresas.
E
o que faz, reiteradamente, o presidente da República?
Nega
a gravidade da Covid-19, trata as mortes com descaso, faz campanha contra o
distanciamento social, tenta esconder o número de óbitos, não destina o
orçamento necessário ao SUS, sabota as medidas aprovadas pelo Congresso
Nacional de ajuda a estados e munícipios, de socorro às micro, pequenas e
médias empresas, e agora, demonstrando crueldade com o povo mais humilde, quer
cortar para R$ 300 a renda emergencial de R$ 600,00.
Milhares
de mortes poderiam ter sido evitadas se o presidente tivesse cumprido sua
responsabilidade de defender a nação contra a doença. Mas faz o contrário.
Bolsonaro não põe o Estado nacional, o governo, para controlar a pandemia,
proteger o emprego, assegurar renda aos pobres e nem socorrer e impulsionar a
economia nacional.
E
mais: utiliza-se do ambiente adverso da Covid-19 para tentar submeter os demais
Poderes da República ao seu intento de instaurar um regime autoritário e
policial, sepultando a democracia. Para isso, comete a grave ilegalidade de
tentar dividir as Forças Armadas. Apoia e mobiliza suas milícias e bolsões
neofascistas e, também à margem da lei, cultiva influência direta sobre as
polícias.
Todavia,
hoje, a exemplo de outros momentos graves da história da República, quando a
democracia se encontrava soterrada ou sob real ameaça como agora, se irrompe e
ganha vida – sob várias formas e contornos – um movimento de frente ampla, de
forças políticas e sociais heterogêneas, tendo como bandeira central a defesa
da vida e da democracia. Bandeiras que estão entrelaçadas a medidas econômicas
de emergência em defesa do emprego e das empresas, sobretudo as micro, pequenas
e médias, e da indispensável ajuda aos pobres.
Na
hora presente, no âmbito da frente ampla, eleva-se o papel do Supremo Tribunal
Federal na defesa do Estado Democrático de Direito e de suas instituições,
posto que se forma uma coesão dos ministros para conter, investigar, julgar e
punir a escalada golpista do presidente, como é caso do inquérito das fake news
que investiga a produção, disseminação e financiamento de material digital
criminoso que abarca graves delitos desde a campanha presidencial de Bolsonaro.
Na
frente ampla, que brota com vigor e com crescente apoio popular, engajam-se
crescentemente largos setores do Congresso Nacional, parcelas do Poder do
Judiciário, governadores, entidades da sociedade civil, personalidades do mundo
da cultura e da ciência, movimentos e instituições religiosas, partidos
políticos, centrais sindicais, entidades e movimentos sociais.
Bolsonaro, por sua
vez, neste momento na defensiva, acossado pelo Estado Democrático de Direito –
ele e seu clã numa teia de inquéritos que abarcam tanto crimes comuns, como é
caso de Fabrício Queiroz, finalmente preso, quanto crimes contra o regime
democrático investigados de modo célere pelo STF –, manobra, posa de vítima e é
forçado a demitir o neofascista Weintraub que estava à frente do Ministério da
Educação.
O
presidente, dando-se conta da frente ampla que se ergue, da alteração que
começa a ocorrer na correlação de forças, com base no “toma lá dá cá”, busca
criar uma base de apoio no Congresso Nacional – para além do gueto bolsonarista
– com número suficiente para evitar o impeachment.
No
âmbito do Congresso, a bancada do PCdoB e outras forças democráticas se
empenham para a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que
investigue esse conjunto de fortes evidências de crimes que pesam sobre o
presidente da República. Uma vez instalada, a CPI terá condições de demonstrar
e comprovar que Bolsonaro, pelos ilícitos que cometeu, não tem condições de
governar o país.
A
oposição se robustece na tecitura da frente ampla. Contudo, especialmente no
campo da esquerda, persistem negativamente concepções e condutas políticas
errôneas que subestimam a frente ampla e criam obstáculos à união de forças, ou
mesmo até a hostilizam, atacando o diálogo que visa à sua construção.
Essas
concepções e condutas parecem derivar de dois equívocos graves. Primeiro, a
subestimação da escalada autoritária de Bolsonaro. Consideram, ao que parece,
que as ameaças bolsonaristas de promover a ruptura com o regime democrático
seriam meras bravatas. Segundo, em vez de pôr em primeiro lugar a tarefa de
salvar o Brasil e a democracia, subordinam essa missão magna a objetivos
menores, a interesses de grupos e de partidos e a disputas eleitorais futuras.
Tais
concepções são falsamente radicais, pois criam dificuldades para a formação de
uma maioria capaz de barrar a escalada autoritária de Bolsonaro e, pelos crimes
que cometeu, afastá-lo da Presidência.
As
forças progressistas e de esquerda, entre elas o Partido Comunista do Brasil
(PCdoB), têm larga experiência em lidar com alianças amplas, a exemplo da
grande união que se formou nos escombros do Estado Novo para combater o
nazifascismo e da larga frente que elegeu Tancredo Neves no Colégio Eleitoral,
pondo fim a ditadura militar.
Num
movimento assim, em torno de bandeiras bem definidas – no caso concreto, em
torno da defesa da vida e da democracia –, envolvendo forças políticas
heterogêneas, não significa que elas irão se diluir. Permanece a unidade e a
luta. Segue, por óbvio, um debate em que o campo democrático e popular defende suas ideias diante de outros setores, buscando
consensos que possam impulsionar e dar uma direção acertada ao movimento.
O PCdoB seguirá
empenhado na construção da frente ampla que, nas atuais circunstâncias, assume
o caráter de salvação nacional. O exercício da resistência e da oposição tem
demonstrado ser este o caminho para o Brasil se ver livre do desastroso governo
Bolsonaro, salvar vidas ameaçadas pela pandemia, salvaguardar a democracia e
levantar a economia nacional do chão, promovendo o crescimento econômico, a geração
de empregos, o soerguimento das empresas e socorrendo o povo enormemente
penalizado.
Quem
ganha com a frente ampla é a nação e a classe a trabalhadora. É a causa da
democracia, da defesa do Brasil e dos direitos do povo.
Quem
perde com a frente ampla é o governo da extrema-direita, o fascismo, o
imperialismo estadunidense que tem em Bolsonaro um governo servil.
Só
a frente ampla pode realizar a tarefa de livrar o país do bolsonarismo, repor o
pacto democrático para as legitimas disputas eleitorais e de projetos para o
país. Tem assim o potencial de ser o desaguadouro das esperanças do povo, o
catalizador das energias do que há de democrático, patriótico e popular em
nosso país. Tão logo as condições sanitárias permitam, sob o chamado da frente
ampla, multidões poderão ir às ruas para o acerto de contas com o bolsonarismo.
Por
tudo isso, é um desserviço ao Brasil e ao povo se opor à sua construção.
É
hora de cuidar, de trabalhar para que a frente ampla prospere e se consolide. O
PCdoB reitera seu chamado a todas as forças políticas e sociais, que têm a
democracia como um bem precioso a ser preservado e ampliado, para que juntos
sigamos reunindo, agregando e pondo em ação mais e mais forças, para que
consigamos uma maioria política e social capaz de livrar o Brasil desse
verdadeiro pesadelo que é o governo Bolsonaro.
Finalmente,
a direção nacional do PCdoB reforça, perante seus militantes, filiados,
eleitores (as), simpatizantes e, em especial, seus representativos e
competitivos pré-candidatos (as), para que na pré-campanha eleitoral em curso,
a partir da realidade das cidades, apontemos propostas focadas na defesa da
democracia, no combate ao autoritarismo, na proteção social, na defesa da vida,
na geração de empregos e na retomada da atividade econômica, sobretudo com o
apoio às micro, pequenas e médias empresas. Façamos das eleições municipais uma
grande resposta do povo ao desastroso governo Bolsonaro, um vigoroso impulso
para o Brasil e suas cidades vencerem e superarem esse trágico capítulo de nossa
história.
Em
defesa da vida, da democracia e do emprego!
CPI já!
Fora
Bolsonaro!
Brasília,
19 de junho de 2020
Comissão Política Nacional (CPN) do Partido Comunista do Brasil (PCdoB)
Comissão Política Nacional (CPN) do Partido Comunista do Brasil (PCdoB)
Veja: ideias equivocadas contra a frente ampla https://bit.ly/2YfnI0v
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