22 junho 2020

Gente, talento e tempo

O desafio de ser um comunicador de esquerda
Pedro Caldas*



Passei um tempo sem aparecer aqui no Blog do Luciano Siqueira. Muitos motivos, mas o principal deles foi a falta de tempo. “Sem tempo, irmão”, mesmo!

Menos atarefado comecei a refletir: não é brincadeira ser militante, da comunicação é tarefa mais difícil ainda. Digo isso porque além de todos os desafios que atravessam ser militante, os comunicadores precisam de bons resultados constantemente. Mas do que qualquer área, a comunicação vive sob frequente questionamento ideológico, técnico e financeiro.

É fato que precisamos furar a nossa bolha, atingir as massas através das redes e tentar equilibrar a internet (que é bem dominada pela direita). Com poucos recursos e um capital humano crescente (mas ainda pequeno) isso é um desafio diário, mas que agradeço muito por ter topado anos atrás.

As nossas organizações ainda estão se acostumado em ter que deslocar bons quadros e recursos para fazer essa comunicação do século vinte um. Isso é muito recente, mas precisa se tornar “normal”. Se a gente não usar as plataformas que as pessoas usam e se aproximar dos formatos que as pessoas gostam ficaremos para trás (enquanto a direita aliena as pessoas).

Estou trazendo essa reflexão porque acompanho (bem de perto em alguns casos) algumas boas iniciativas de esquerda no campo da comunicação. Gente que em uma dinâmica de “guerrilha” está crescendo o número de seguidores e interações, levando conteúdo de qualidade e com a nossa visão de mundo para a sociedade.

Infelizmente essas iniciativas sofrem muito fogo amigo. Críticas muitas vezes pautadas na falta de conhecimento sobre o assunto. Me acostumei a ver gente ridicularizando militantes porque queriam virar “blogueiros” ao invés de “fazer política de verdade” (como se a internet estivesse fora do debate político).

Não podemos fugir da luta na internet e nas redes sociais, hoje importantíssimas na disputa de ideias. E nessa luta precisamos ser criativos para transmitir o que desejamos dentro das dinâmicas dessas redes. Precisa-se de recursos e capital humano qualificado, mas sobretudo: é preciso respeito e apoio aos militantes e iniciativas que além das árduas tarefas do mundo off-line conseguem ter boa presença digital.


*Pedro Caldas é Secretário de Comunicação da UJS Recife, estudante de Rádio, TV e Internet na UFPE e colaborador dos Jornalistas Livres

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