03 agosto 2020

Palavra de poeta

Nova Canção do exílio
Chico de Assis


Meu exílio não tem fim.
Ele não está na saudade
da minha terra
nem nas lembranças da guerra.

Meu exílio?
Tanto tentei estendê-lo
por entre lutas e sonhos
por entre amores e beijos.

Mas meu exílio
é um sol — sem brilho.
Uma dor — sem cura.
Uma flor — sem cheiro.

Ele não se encontra
nem se encerra
em paragens distantes.
Ele está bem perto.

Dentro de mim
como de resto
nas coisas que senti
andando a esmo.

Eu sou
um exilado de mim mesmo.

[Ilustração: Pablo Picasso]


Viver em quarentena não é fácil https://bit.ly/2Xm2lK5

Um comentário:

Unknown disse...

Parabéns poeta, suas palavras me emociona.