Terreno
movediço
Luciano Siqueira
As coisas são mais complexas
do que parecem. O país afunda em múltipla crise, é verdade; mas nem tudo o que
reluz é ouro...
Vejamos a situação do
presidente Bolsonaro e do seu governo. Isolamento e descrença são as palavras
que melhor os caracterizam.
Mas daí à superação da ordem
vigente há muitos passos a dar, variados obstáculos a vencer.
O terreno é movediço.
Caso do crescimento de 1,2% do Produto Interno
Bruto (PIB) no primeiro trimestre deste ano, na comparação com os últimos três
meses de 2020, segundo anuncia o Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE).
Quase
nada a comemorar, pois além de ser uma recuperação (se assim podemos dizer)
lenta e insuficiente, convive com índices os mais graves de empobrecimento da
população.
Assim
mesmo, a grande mídia que em sua quase totalidade combate o governo cotidianamente
e tem, de fato, contribuído para desmarcar o presidente e enfraquece-lo
politicamente, se apressa em saudar uma suposta “retomada” das atividades
econômicas...
É
que a agenda econômica, mesmo conduzida de modo tresloucado pelo ministro Paulo
Guedes e equipe, ainda tem o apoio de parcela majoritária das elites
dominantes, teimosas em expectativas acerca do receituário neoliberal
tupiniquim.
E
há um rebatimento sobre grupos políticos e sociais ativos, que se agarram no esquálido
pibinho para reforçar seus desejos de uma alternativa à Bolsonaro que possa
surgir de forças situadas ao centro.
Querem
evitar que à esquerda se concretize uma candidatura capaz de alcançar amplitude
e unidade o suficiente para vencer o pleito vindouro.
Daí
a imperiosa necessidade de se impulsionar a luta imediata pela vacina, pelo
trabalho e contra Bolsonaro com o fator novo que são as manifestações de rua –
com todos os cuidados preventivos da covid-19 - como aconteceram no último
sábado.
Os
atos públicos ocorridos em mais de duzentas cidades grandes e médias do país
até surpreenderam pela sua dimensão. E repercutiram no amplo panelaço de ontem
à noite, quando do pronunciamento do presidente em rede de TV e rádio.
Mais:
avançar no debate de alternativas à crise para que se produza uma plataforma de
unidade capaz de galvanizar as expectativas das maiorias insatisfeitas.
O
PCdoB tem um papel relevante a cumprir – seja na defesa da correta tese da
frente ampla, seja na apresentação de propostas de mudança de rumo pós-governo
genocida.
Foto: Pedro Caldas
Você já viu? https://youtu.be/DxWIVP9GgG0
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