35 Anos da Guerrilha do Araguaia
Em 1972, esse amigo de vocês experimentava a dureza da clandestinidade – fugira do Recife em 1970, após ser cassado em seus direitos estudantis pelo Decreto-lei 477 instituído pelo regime militar – , vivia como vendedor ambulante e fazia o trabalho partidário pelo interior do Nordeste, ao lado da companheira Luci.
Num breve contato com outro dirigente regional do PCdoB, próximo a um campo de futebol de várzea, em Campina Grande, Paraíba, num domingo de sol, recebia a notícia de que dias antes, 12 de abril, o Exército havia deflagrado uma ação repressiva no Sul do Pará, às margens do rio Araguaia, e em resposta militantes comunistas e moradores da região tinham reagido e iniciado a resistência armada.
As pernas tremeram, o coração bateu mais forte e acelerado, lágrimas fluíram pelo rosto: “É a nossa geração que se ergue em defesa da Liberdade e dos Direitos do Povo!”, dissemos em voz alta, como que desejássemos que aquela parca torcida do time do bairro, na beirada do campo, tomasse conhecimento do fato.
Era a Guerrilha do Araguaia, página heróica de nossa história recente, que duraria cerca de três anos e se dispersaria após a última investida das Forças Armadas, que mobilizou nada menos que 5 mil homens contra pouco mais de cem guerrilheiros.
O episódio ainda é pouco conhecido. Merece ser estudado. Pelo seu significado político – uma demonstração de rebeldia e criatividade do nosso povo diante de um regime discricionário que aniquilara toda possibilidade de luta democrática, legal e aberta; uma experiência militar que, apesar das extremas limitações dos insurretos, guarda ricos ensinamentos.
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