Disputa interna no governo pelo BNDES
Todo governo contém nas suas entranhas elementos de disputa. Quando plural e heterogêneo em sua composição, como o governo Lula na atualidade, as disputas ora se dão veladas, ora ocorrem de modo explícito.
Lula deu ao governo o formato da coalizão. E alcançou, assim, a base parlamentar de que necessitava para assegurar as condições de governabilidade. Mas isto não significa, automaticamente, que a linha de governo esteja garantida, pois nem todos os que chegaram estão plenamente de acordo com a plataforma programática sustentada pelo presidente na campanha pela reeleição.
É por isso que o BNDES, um instrumento decisivo para a política de desenvolvimento com distribuição de renda e de sentido anti-neoliberal, emerge como pomo da discórdia.
Especula-se que o setor rentista (banqueiros daqui e de fora), através do novo ministro do Desenvolvimento, Miguel Jorge, pretendem substituir o atual presidente do Banco.
Miguel Jorge tem um currículo que o credencia a isso: ex-diretor do conservador jornal O Estado de S.Paulo, ex-presidente da Autolatina (consórcio da Volks e da Ford), responsável pela demissão de milhares de metalúrgicos nos anos 80, homem de confiança do setor financeiro.
Um ex-diretor do banco espanhol Santander, Gustavo Adolfo Funcia Murgel, seria o indicado para o lugar do atual presidente, o economista Demian Fiocca.
Se o presidente Lula ceder à pressão, estará dando força à banda do governo que resiste ao seu esforço desenvolvimentista.
Sob o reinado de FHC, o BNDES esteve sob o tacão de agentes do capital financeiro, apoiou as privatizações das estatais e priorizou empréstimos às grandes corporações empresariais.
Com Lula, assumiu a direção do banco Carlos Lessa, que recuperou o papel do banco como de fomento ao desenvolvimento nacional. Demian Fiocca, seu substituto, tem sustentado a linha desenvolvimentista.
As forças progressistas do país precisam estar atentas. E devem fazer ouvir sua voz no parlamento e no seio da sociedade, contra essa investida dos neoliberais acoplados ao governo.
Um comentário:
Lula está certo ao jntar todos os que podem apoiá-lo, porém tem que ser firme nas suas políticas a favor do povo. Deixar um banco tão importante voltar às mãos de gente que só pensa em favorecer o setor financeiro seria um erro grave, espero que opresidente seja capaz de evitar isso.
Maria Gorethe (Recife)
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