18 junho 2009

Artigo semanal no Blog de Jamildo (JC Online)

Uma discussão incorreta e inoportuna
Luciano Siqueira


Primeiro foi por ocasião da enfermidade que obrigou o vice-governador Joao Lyra Neto a uma prolongada licença do cargo. Agora – registra um dos jornais locais – o assunto volta à baila sob o estímulo de processo que o Lyra responde perante a Justiça Eleitoral. Em parte da chamada base aliada do governador Eduardo Campos, a especulação em torno de cargo de vice no pleito de 2010.

Além de um flagrante desrespeito e total ausência de solidariedade ao atual vice-governador, a atitude revela uma imensa imaturidade. Não é assim que se constrói uma chapa majoritária, muito menos no caso específico do lugar de vice-governador.

Há casos, sim, em que o cargo de vice foi fruto de acordo político. Paulo Guerra, vice de Miguel Arraes em 1962, por exemplo. Não havia plena identidade entre ambos, tanto que Guerra assumiu e permaneceu no cargo quando Arraes foi deposto pelos militares em 1964. Mas não é a regra. O mais comum é que, em condições normais de temperatura e pressão, o vice seja escolhido pelo titular, mesmo quando pertencente a outra legenda. Assim ocorreu com João Lyra Neto, do PDT, escolhido por Eduardo Campos, do PSB. Assim ocorreu duas vezes consecutivas comigo, do PCdoB, a partir de uma preferência explícita de João Paulo, do PT, nos pleitos de 2000 e 2004, no Recife.

Demais, é preciso considerar um conjunto de variáveis na construção da chapa majoritária de 2010: do cenário político-eleitoral ao ambiente social em que o pleito vai acontecer. E há variáveis que ainda não se apresentaram.

Se a coalizão partidária que dá sustentação ao presidente Lula tiver mais de um candidato à presidência da República – Dilma Roussef, pelo PT, Ciro Gomes pelo PSB -, será possível uma candidatura única a governador em Pernambuco? Que implicações isso teria na disputa pelas duas vagas ao Senado?

Essa é outra questão. Não está escrito nem na Constituição nem Bíblia que as duas vagas para senador já estejam preenchidas. Os nomes mais citados estão mais do que credenciados para tanto. Mas não podem se impor como fato consumado. Primeiro, porque não são os únicos em condições de bem representar o conjunto das forças aliadas, há outros igualmente aptos. Segundo, porque não podem prescindir jamais de um entendimento político com os demais partidos interessados.

Por essas e outras, discutir agora – mesmo intramuros – a substituição de João Lyra Filho na futura chapa de 2010 é incorreto e inoportuno. Os que assim procedem, melhor fariam se desejassem o melhor para o vice-governador, que esteja bem de saúde, que vença a causa na Justiça e que esteja em condições de prosseguir ao lado de Eduardo Campos, caso o governador se candidate à reeleição. www.lucianosiqueira.com.br

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