25 junho 2009

Em defesa do diploma de jornalista

Chegou a hora da grande batalha
Sérgio Augusto Silveira*
sergioaugusto_s@yahoo.com.br

Depois do encarniçado enfrentamento com o autoritarismo ditatorial repressivo e assassino, ao longo dos anos de 1970, os jornalistas brasileiros chegam agora à primeira grande batalha do novo século, em nome da qualidade e da liberdade da informação. Ao mesmo tempo querem saber até onde vai chegar esse processo atual de decadência que atinge as instituições, ao ponto de agora os transformar em vítimas.

A exigência do diploma para o exercício desta profissão, a partir de 1969, durante o primeiro governo da ditadura, transformou-se, com o passar do tempo, numa vitória da profissão, elevando a qualidade e precisão da técnica de informar. Ou seja, transformou-se numa ferramenta essencial para a dinâmica da democracia.

Se existem, em todos os órgãos da mídia, os colaboradores intelectuais não jornalistas – tal como foram Gilberto Freyre, Dom Hélder Câmara e muitos outros de maior ou menor envergadura – isto não quer dizer que a comunicação social não precise de especialidade e formação. A realidade é exatamente o contrário do que acha a maioria dos integrantes do Supremo Tribunal Federal, os quais estão precisando de um entendimento sobre o que é cobrir os fatos, organizá-los e dar-lhes redação, transformando-os em notícia, em reportagem.

Por não estarem ao par desta realidade – “príncipes” que são, vendo o mundo lá do alto de suas magistraturas – os juízes do STF avaliam o resto da sociedade tal como se fosse um mundão homogêneo, anódino. Entre esses “príncipes”, raros são os que não perderam contato com a realidade, a exemplo dos ministros Joaquim Barbosa (que não compareceu à reunião que rejeitou o diploma) e Marco Aurélio Mello (abertamente contra essa rejeição).

Os nomes destes dois merecem, sim, ser citados e aplaudidos, em nome da liberdade de Imprensa, da democracia e da necessária e eficiente formação profissional. Agora, diante da decisão patronal do STF, abre-se um novo front de batalha, que já está mobilizando os jornalistas em todos os quadrantes do Brasil, com o apoio da maior parte do poder Judiciário. A missão de cada jornalista é alinhar-se à luta pela manutenção do diploma.

Alinhamento em todas as partes porque a mobilização precisa ser grande e sonora. É de uma dimensão histórica e mais profunda do que um ato por aumento salarial ou contra demissões. É uma luta pelo resgate da conquista feita no início do século XX, no alvorecer da República, quando a sociedade brasileira reconheceu como profissão a tarefa de colher dados, escrever e noticiá-los, em nome da cidadania. Chegou a hora da grande batalha.
* Jornalista

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