13 junho 2009

Desmatar não é a solução

Ciência Hoje Online:
Índice de desenvolvimento humano é menor nas regiões em que a floresta amazônica foi degradada
. Se alguém ainda tinha dúvidas, um estudo publicado esta semana pela Science confirma que o desmatamento está na contramão do desenvolvimento da sociedade. Pesquisadores brasileiros e europeus avaliaram dados de centenas de municípios na Amazônia e constataram que o índice de desenvolvimento humano (IDH) é menor naqueles que têm a maior área de floresta derrubada.
. O trabalho foi coordenado pela portuguesa Ana Rodrigues, pesquisadora da Universidade de Cambridge (Reino Unido), em parceria com estudiosos do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), sediado em Belém, e de outras duas universidades britânicas.
. "Este estudo demonstra que a estratégia de desenvolvimento que historicamente tem sido seguida na Amazônia não é adequada, já que nem garante a conservação do extraordinário património natural da região, nem proporciona uma melhoria da qualidade de vida das populações", avalia Ana Rodrigues em entrevista à CH On-line. "Esperamos que estes resultados estimulem o debate político sobre futuras estratégias de desenvolvimento para a Amazônia. E que, a longo prazo, contribuam para a adoção de políticas e incentivos econômicos que permitam uma trajetória de desenvolvimento baseado na valorização da floresta e dos benefícios que ela providencia."
. O grupo reuniu dados colhidos no censo do ano 2000 relativos a 286 municípios da Amazônia brasileira que apresentavam diferentes estágios de preservação da floresta. Os municípios foram divididos em sete grupos, desde aqueles cujo desmatamento é considerado inativo (com mais de 90% de mata nativa), passando pelos que estavam em processo de desmatamento, até os que já foram quase totalmente desmatados (com quase 90% da área degradada). Em seguida, foram avaliados indicadores de desenvolvimento desses municípios, como expectativa de vida, taxa de alfabetização e renda per capita.
. O cruzamento dos dados permitiu aos pesquisadores identificar um padrão que relaciona os níveis de desmatamento de cada município com seu IDH. Esse índice geralmente é baixo nas regiões de mata nativa e cresce rapidamente com o início da derrubada da mata. Os municípios em que o desmatamento ainda estava em curso tinham IDH acima da média nacional. No entanto, aqueles em que a floresta já havia sido quase totalmente devastada apresentavam índices menores que a média do país.

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