28 junho 2009

Parlamento defasado

No Vermelho, por Eduardo Bomfim:
O Brasil e os atos secretos
A grande verdade é que já faz um bom tempo que existe um desencontro entre a realidade brasileira e o nobre exercício da atividade política. O País começa a atingir as condições de alcançar o patamar de uma nação desenvolvida, deixando para trás o status de emergente.

Muito embora ainda sejam necessárias algumas décadas de crescimento acima de sete por cento ao ano, em média, para que venha a acumular uma riqueza essencial para investimentos em infra-estrutura básica, educação, saúde, defesa nacional, habitação popular etc.

Se conseguirmos esse feito, não há a menor dúvida de que a face do Brasil será alterada radicalmente e a qualidade de vida dos brasileiros atingirá patamares bastante elevados.

O que há de novidade nessa premissa é o fato de que neste atual estágio de crescimento em que vivemos é possível fazer tal afirmação sem que ela pareça um sonho ou uma formulação com base em uma profissão de esperança.

Em decorrência do avanço que a nação experimentou nas últimas décadas, ficou para trás a frase de Stefan Zweig, “Brasil, País do futuro”, título de um de seus livros, que soava como alguma coisa exorcizando o sofrimento permanente do presente.No entanto, mesmo com os significativos avanços experimentados, que já são suficientes para destacar o país no cenário internacional, nos campos da geopolítica e da economia, continuamos uma nação de extremas distâncias sociais.

De tal forma que já é possível declarar que o Brasil não é mais uma nação pobre, mas significativamente desigual. Uma desigualdade que se apresenta na zona rural e que se acentua enormemente nos centros urbanos.

E quanto maior for a cidade, mais gritante, agressiva e vergonhosa mesmo, é a disparidade social, com os miseráveis à mostra como uma chaga aberta no tecido social, gerando a mendicância massiva, a prostituição das filhas do povo, um exército de traficantes de drogas, a insuportável criminalidade.

Tudo isso, somado ao emprego informal massivo, resulta em uma espécie de geração de emprego e renda perverso, criminoso. O Brasil vive uma contradição aguda.Que se expressa também no Congresso Nacional, entre uma parcela razoável de excelentes parlamentares e um contingente expressivo, possivelmente majoritário, de congressistas que atuam em função dos seus próprios interesses escusos, secretos e contrários à nação.

Um comentário:

Anônimo disse...

O autor tem razão, mas falta enfatizar a necessidade de uma ampla renovação do Congresso Nacional nas próximas eleições.
Aristeu Ribeiro