01 fevereiro 2010

Bom dia, Mônica de Aquino


Não por acaso

Não por acaso
o verso fácil
de quem já sabe em si a pedra
do caminho a pedra
do cabralino verso
o concreto da síntese

e mistura tudo num pulo do gato
escaldado, o mesmo

que comeu o lirismo
que estava aqui.

Mas nenhum lirismo é um verso
que não é do seu poema -

e rima romântico e perverso.

Não por acaso a alquimia
de corpo e texto
na metafísica dos beijos

na queda de quem sabe a nuvem.

Nem por acaso remar rio acima
com o verbo ágil
de quem desce
a correnteza

no desejo de (re)conhecer
todas as formas de delicadeza.

Por acaso, talvez, a vertigem
da margem

no poema que nos contempla.

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