É PRECISO LER Almir Castro Barros
Jomnard Muniz de Britto
A partir do título de seu livro - Um beijo
para os crocodilos - RJ, 7 Letras 2009 -
Almir Castro Barros opera como desafiador
de questões da literatura não apenas como
herança dos trópicos. Se nosso sistema e
estrutura da formação literária foram
condicionados por uma oralidade a toda
prova dos noves e nonadas, nosso poeta
é difícil porque exerce a prática das recusas.
Ele consegue refutar eloquências e retóricas
que nos abismam de fio a pavio: do eterno
condoreirismo aos experimentalismos.
O poeta é difícil pelo confronto das
arqueologias da poeticidade.
Todas as gerações se tornam flutuantes.
Enquanto os poetas-oradores abusam dos
caprichos do tempo cronológico, esvaindo-se
dos salões acadêmicos às praças do povo,
dos multiculturalismos cada vez mais
engajados, o poeta difícil resiste.
Solidão compartilhada em silêncio
do gozo textual e afins.
No chão da existencialidade, palco e
platéia, autor e leitor se confundem,
por intensidade, nos confins.
A voz tudo pode no mosaico de letras
que nada ignora ou esconde.
O poeta difícil talvez seja filho
desnaturado, amante de Lilith.
Na pátria da agonia o grito inscreve
misérias da política no cotidiano.
O poeta dispensa até o adjetivo difícil.
São outras as exigências da poesia.
Outros os dilemas autorais.
Tempo da voz escrita em depuração.
Temporalidade convicta do minimalismo.
Mínimo múltiplo incomum dos gestos.
Tensões do texto ao ser lido, relido,
compreendido entre a intuição e a
racionalidade das interfaces.
- "Alguns
Lembravam a solidão e sua brasa
Ou quando fartos de tudo
Se aventuravam
Em caminho de susto sobre cordilheiras".
Interfaces da poesia com a politicidade.
Abismos da INTERPOÉTICA.
Jomard Muniz de Britto, jmb
Recife, março, 2012.
atentadospoeticos@yahoo.com.br
Um comentário:
Tardiamente li este texto do JMB - Jomar Muniz de Brito. Obrigado e parabéns caro escritor. Almir Castro Barros
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