Trabalhador de Suape tem direitos desrespeitados
Distorções salariais, demissões por justa causa sem provimento legal e cerceamento de sindicatos até casos de abuso como ameaças que o Movimento dos Porteiros está sofrendo por vigilantes armados. As denúncias foram feitas na audiência pública sobre as condições de trabalho dos profissionais do Complexo Portuário de Suape, realizada na Assembleia Legislativa pela Comissão de Meio Ambiente nesta quarta (18). A iniciativa foi do vice-presidente do colegiado, deputado Luciano Siqueira, do PCdoB.
De acordo com o parlamentar, o Poder Legislativo deve se posicionar a favor de um modelo de desenvolvimento para o Estado que distribua renda e valorize o trabalho, ou seja, assegure aos trabalhadores condições adequadas, cumprimento das leis trabalhistas e salários justos. Siqueira afirmou que recebe denúncias de que em Suape nenhum desses fatores têm sido cumpridos.
O dirigente regional da Federação Interestadual dos Metalúrgicos, Moacir Paulino, relatou problemas dos funcionários do Estaleiro Atlântico Sul. Segundo ele, a carga horária é de 12 horas por dia de domingo a domingo, a alimentação fornecida não é de boa qualidade e a pressão para produzir com rapidez é enorme. Além disso, os profissionais trabalham confinados dentro de estruturas de ferro sem ventilação, o que tem causado diversos danos à saúde da categoria, sobretudo de respiração.
Moacir Paulino destacou que dois trabalhadores morreram no estaleiro em 2011. Um teria sido atingido por uma chapa de aço que pendeu e o esmagou e o outro teria caído do último andar de um navio, uma altura de mais de sete metros. Ainda de acordo com ele, a diferença salarial entre os pernambucanos e os funcionários de fora é imensa. Enquanto um soldador local ganha cerca de mil e duzentos reais, o outro chega a receber cinco mil.
O procurador do Trabalho do Ministério Público do Estado, Leonardo Osório de Mendonça, disse que órgão está investigando as duas mortes e, inclusive, convocou o Estaleiro para assinar um termo de ajustamento de conduta. Mas a empresa se negou a cumprir a determinação.
O secretário estadual do Trabalho, Antônio Carlos Maranhão, salientou que no dia 27 deste mês, o Governo começa uma atividade para implementar a agenda pernambucana de segurança do trabalho. Nenhum representante de Suape esteve no encontro. (L.R.)
Com informações da ALEPE
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