Jovem faz resto de obra virar energia
. Um jovem pobre, filho de pai agricultor, oriundo do Sertão de Pernambuco, aluno da rede pública a vida inteira e que entrou na Universidade de Pernambuco (UPE) pelo sistema de cotas superou 101 projetos de instituições de ensino de todo o Brasil e venceu o 5º Prêmio Odebrecht para o Desenvolvimento Sustentável.
. O trabalho de Humberto da Silva Santos, 21 anos, estudante de engenharia mecânica industrial orientado pelo professor Sérgio Peres Ramos, consiste no aproveitamento de resíduos de biomassa da construção civil para geração de combustíveis sólidos e gasosos. Transforma o que seria lixo em lenha e energia.
. O universitário conta que o projeto foi pensado porque o setor de construção civil gera, por dia, em torno de 180 a 240 toneladas de madeira (biomassa). A maior parte dos resíduos é descartada e vai parar nos lixões e aterros, enquanto apenas uma parcela menor é reaproveitada por padarias e pizzarias. O material jogado fora polui o ambiente e sua decomposição pode demorar mais de 10 anos. “Nosso objetivo era transformar essa madeira sem uso em combustível sólido e, em seguida, gasoso”, diz.
. Foi no Laboratório de Combustíveis e Energia (Policom) da UPE que professor e aluno desenvolveram os procedimentos chamados de pelletização e gaseificação. O processo se inicia com a trituração da madeira. O pó resultante é prensado até que ganha a forma de um cilindro, com cerca de 5 cm, chamado de pellet. O combustível sólido constituído pode ser utilizado em fornalhas e tem uma série de vantagens em relação à madeira nativa: menor custo logístico, melhor condição de armazenamento, menor umidade e maior poder calorífico – a lenha tem energia de 14 a 16MJ/Kg, enquanto o pellet possui de 18 a 20MJ/Kg. “É algo que pode e deve ser adotado, sobretudo em áreas sujeitas à desertificação, pois você evita o corte de árvores”, enfatiza Humberto. O principal benefício é que se trata de uma energia verde, que não polui o meio ambiente. “É uma energia 100% limpa e sustentável. Todo combustível gera gás carbônico, mas, nesse caso, é carbono zero, porque ele é absorvido pelas plantas”, explica o professor.
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