Luciano Siqueira
O dado é significativo: nos últimos cinco anos,
aproximadamente 300 mil brasileiros que haviam
emigrado retornaram ao Brasil.
Significativo duplamente: porque a
crise econômica global dá mostras de que continuará se prolongando por muito
tempo; e porque a realidade brasileira
destoa do que se vê hoje nos EUA, Japão e Europa – para melhor, combinando
crescimento com inserção social.
O Ministério das Relações Exteriores, Itamaraty,
considerando dados de 2007 a 2012, estima que 2,5 milhões de brasileiros vivem
fora do país, incluindo os que se encontram em situação ilegal. Em geral daqui
saíram em busca de oportunidade de trabalho, em tempo de retração da economia e
ausência de qualquer perspectiva.
Estatísticas não oficiais indicam que na atual onda imigratória (gente de muitos países veem ao Brasil atraída pelos bons ventos da economia), 65% dos imigrantes são brasileiros que retornaram ao país, “imigrantes internacionais de retorno”. Em 2000, eles eram 61% do total de imigrantes – portanto, o número tem se ampliado. Dos que vêm dos EUA, são 84,2%; do Japão, 89,1% e de Portugal, a 77%.
Mas o outro lado da moeda: a capacidade de bem
recepcionarmos os que retornam para melhorar de vida. Antes de tudo é preciso
retomar o dinamismo da economia, que em 2012 esteve em
baixa. O Produto Interno Bruto ficou em 0,9% em relação a 2011. Os
investimentos regrediram em 2012 para 18,1%, quando em 2011 representaram 19,3%
do PIB.
Em contraste, segundo o
IBGE, a despesa de consumo das famílias cresceu 3,1%, beneficiada pela elevação
de 6,7% da massa salarial dos trabalhadores (em 2012, 95% das categorias
trabalhadoras tiveram aumento real) e pelo acréscimo, em termos nominais, de
14,0% do saldo de operações de crédito do sistema financeiro com recursos
livres para as pessoas físicas. Ao que se cresce a atual taxa de desemprego
mais baixa em termos históricos, oscilando em torno 5% (tecnicamente
considerado estado de pleno emprego).
É fato que os números
iniciais de 2013 indicam que a economia cresce em ritmo pouco maior que o do
ano que passou, onde se salienta a retomada da indústria.
Mas é preciso avançar.
Mexer com condicionantes do crescimento econômico tais como o câmbio, a taxa
básica de juros, o bom uso dos bancos estatais como indutores do crescimento, o
incremento de tecnologia para impulsionar a competitividade da indústria, o
aumento da arrecadação – fatores que, bem explorados, podem assegurar o bom
ambiente econômico e social que os brasileiros que retornam e os que aqui
sempre estiveram desejam.
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