Fragmentado, porém programático
Luciano Siqueira
Passado o pleito presidencial, multiplicam-se as queixas de
que, sobretudo no segundo turno, “agressões” pessoais se sobrepuseram ao
necessário e inexistente (sic) debate programático. É a conclusão a que chegam
“analistas” da grande mídia e próceres das forças derrotadas. Será?
Separemos o joio e o trigo.
Separemos o joio e o trigo.
O joio: a cobertura jornalística das eleições jamais
propiciou o bom debate de ideias, pois impôs a fragmentação e, via de regra, a
tergiversação em torno do que seria essencial. Os debates organizados pelas
redes nacionais de TV repetiram um formato que jamais possibilitará aos
candidatos a explicitação de suas propostas programáticas, pois enredados num
roteiro de perguntas, respostas e tréplicas que variam de um a dois minutos.
Demais, o noticiário, além de tendencioso e parcial, concentrou os holofotes em
questões secundárias ou situações supostamente embaraçosas.
Mesmo sites especializados permaneceram a anos luz de distância do que seria a boa polêmica em torno de questões vitais para os destinos do País.
O trigo: assim mesmo, se cotejarmos o conjunto da obra, ou seja, o somatório desses fragmentos e a entrevistas diárias – breves, porém esclarecedoras – em que cada candidato se pronunciava sobre temas relevantes; e o horário eleitoral oficial, veremos que ideias essenciais vieram à tona e possibilitaram uma delimitação de campos entre os principais candidatos. Foi exatamente por isso, chamada a esclarecer propostas contraditórias entre si e inconsistentes aos olhos da opinião pública, que Marina Silva percorreu a trajetória de um foguete: tão rápida na ascensão quanto na queda – reduzindo-se ao que realmente é, bem diferente do que a mídia quis promover na esteira da comoção pela morte trágica de Eduardo Campos.
Marina não suportou o embate direto com Dilma acerca do papel e do lugar institucional do Banco Central e dos demais bancos públicos, o sentido estratégico da exploração do petróleo da camada do pré-sal, o real conteúdo do denominado tripé macroeconômico e que tais.
Postos frente a frente, no segundo turno, Dilma e Aécio viveram momentos de acirrado confronto, que trouxe à tona traços marcantes da personalidade política e da trajetória de ambos, para o candidato tucano inconvenientes sob todos os títulos, daí reagir com a cantilena de que a presidenta estaria mentindo e com crescente agressividade e falsa ironia. Esses entreveros, entretanto, não ficaram em si mesmos, deram azo a que os dois projetos de nação em conflito pudessem ser em boa medida desnudados.
Foi assim que temas tão como complexos quanto cruciais para a os destinos do País e para vida cotidiana ganharam espaço nas conversas de botequim, contribuindo para que o eleitor fizesse a sua própria leitura das propostas litigantes e tomasse posição. Terá sido por isso, em razoável grau, que a votação de Dilma se deu principalmente nos estratos mais populares da sociedade. Bom pelo resultado final, ótimo como passo relevante na formação de uma consciência social avançada. (Publicado no portal Vermelho, no Blog de Jamildo e no Jornal da Besta Fubana)
Mesmo sites especializados permaneceram a anos luz de distância do que seria a boa polêmica em torno de questões vitais para os destinos do País.
O trigo: assim mesmo, se cotejarmos o conjunto da obra, ou seja, o somatório desses fragmentos e a entrevistas diárias – breves, porém esclarecedoras – em que cada candidato se pronunciava sobre temas relevantes; e o horário eleitoral oficial, veremos que ideias essenciais vieram à tona e possibilitaram uma delimitação de campos entre os principais candidatos. Foi exatamente por isso, chamada a esclarecer propostas contraditórias entre si e inconsistentes aos olhos da opinião pública, que Marina Silva percorreu a trajetória de um foguete: tão rápida na ascensão quanto na queda – reduzindo-se ao que realmente é, bem diferente do que a mídia quis promover na esteira da comoção pela morte trágica de Eduardo Campos.
Marina não suportou o embate direto com Dilma acerca do papel e do lugar institucional do Banco Central e dos demais bancos públicos, o sentido estratégico da exploração do petróleo da camada do pré-sal, o real conteúdo do denominado tripé macroeconômico e que tais.
Postos frente a frente, no segundo turno, Dilma e Aécio viveram momentos de acirrado confronto, que trouxe à tona traços marcantes da personalidade política e da trajetória de ambos, para o candidato tucano inconvenientes sob todos os títulos, daí reagir com a cantilena de que a presidenta estaria mentindo e com crescente agressividade e falsa ironia. Esses entreveros, entretanto, não ficaram em si mesmos, deram azo a que os dois projetos de nação em conflito pudessem ser em boa medida desnudados.
Foi assim que temas tão como complexos quanto cruciais para a os destinos do País e para vida cotidiana ganharam espaço nas conversas de botequim, contribuindo para que o eleitor fizesse a sua própria leitura das propostas litigantes e tomasse posição. Terá sido por isso, em razoável grau, que a votação de Dilma se deu principalmente nos estratos mais populares da sociedade. Bom pelo resultado final, ótimo como passo relevante na formação de uma consciência social avançada. (Publicado no portal Vermelho, no Blog de Jamildo e no Jornal da Besta Fubana)
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