Vasos comunicantes
Luciano Siqueira, no portal Vermelho
Ontem,
em entrevista que concedi a uma repórter interessada em desvendar semelhanças e
diferenças entre a crise política atual e outras crises ocorridas na história
recente do Brasil, ao final a pergunta recorrente: “É verdade que a eleição no
Recife passará pela de Olinda?”
O
sentido da indagação é claro: se em Olinda um aliado estratégico do PCdoB – o
PSB – ensaia uma pré-candidatura a prefeito, por consequência a coalizão entre
os dois partidos estaria ameaçada no Recife?
É claro
que as relações entre partidos aliados são afetadas, positiva ou negativamente,
por eventos e atitudes registradas não apenas em cidades vizinhas, mas em outras
partes – sobretudo no caso do pleito de 2016, que tem status de prioridade
estratégica.
O
Recife é uma prioridade do PSB.
Olinda
é uma prioridade do PCdoB.
Mas não
dá para resumir a vida num samba curto, como nos ensina Paulinho da Viola.
Influências
mútuas há; inclusive porque existe uma espécie de vasos comunicantes entre as
campanhas eleitorais nas duas cidades.
Mas
atrelar uma a outra no desenho das alianças não parece correto. O pleito
municipal é, aqui e pelo Brasil afora, um fato político essencialmente local.
E, seja pela caleidoscópica realidade partidária, seja pela dinâmica social,
política e cultural própria de cada cidade, não cabe engessar as alianças
eleitorais.
Via de
regra siglas que adotam postura conservadora em plano nacional ou estadual,
numa cidade determinada assumem feições completamente diversas. Subproduto da
carência de partidos nacionalmente unos e da legislação eleitoral que conspira
contra partidos programáticos.
Nessas
circunstâncias, não cabe enquadrar a multifacetada realidade política municipal
num gabarito, impondo-lhe uma rigidez artificial.
O
“caso” Recife-Olinda, cá na província, é emblemático. E dá azo ao exercício do
equilíbrio e da sensatez – de que nesse conturbado cenário atual tanto se
necessita.
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