De Pandiá Calógeras a Aldo Rebelo
Luciano Siqueira, no portal Vermelho
Quando o presidente Epitácio
Pessoa nomeou Pandiá Calógeras ministro da Guerra, em outubro de 1919,
desencadeou a primeira crise do seu nascente governo. Os chefes militares
reagiram como se fora uma afronta ter tão estratégico posto ocupado por um
civil.
De lá aos nossos dias, o País
atravessou sinuosa e muitas vezes conturbada trajetória republicana, permeada
pela Revolução de 30, pelo Estado Novo e pela Ditadura Militar de 1964, em que
a fase atual, a partir de 1985, pontifica como lapso mais prolongado de
vigência da democracia.
O fato é que muita coisa tem
mudado. Sobretudo de 2003 em diante, quando assumiu a presidência da República
o operário Lula e se constituiu pela primeira vez um governo assentado em
coalizão ampla, sob a hegemonia de um partido de esquerda, o PT.
Dá-se, desde então, penosa
transição da ordem vigente nos anos FHC, de cunho neoliberal, a um projeto novo
de desenvolvimento fundado na soberania, na inclusão social e na expansão paulatina
da democracia.
Transição que persiste há treze
anos e atravessa hoje seu momento mais dramático – sob risco de interrupção do
mandato da presidenta democraticamente eleita e de regressão política e social.
Um mar revolto onde se enxergam
ameaças múltiplas advindas de gigantescas ondas conservadoras.
E sob pesadas nuvens escuras,
surge como uma luz emitida de farol estrategicamente situado, a assunção do
comunista Aldo Rebelo ao posto de ministro da Defesa.
Ao contrário de Calógeras há 96
anos, Rebelo é acolhido pelos comandantes das três Armas com honra e apreço.
A firme posição do Partido
Comunista do Brasil em favor de Forças Armadas fortes e aptas a preservarem a
integridade do nosso território de 8.514.876 km² de
extensão e de nossas fronteiras terrestres (15.735 km) e marítimas (7.367 km),
certamente está na base dessa acolhida.
O
Brasil conta com efetivos militares na dimensão de país de médio porte e está
longe de deter equipamentos e armas consoantes com o seu peso geopolítico. Se
não temos tradição agressiva em relação aos irmãos fronteiriços, temos o dever
de ostentar poder defensivo dissuasório.
Na Assembleia Nacional
Constituinte, a bancada do PCdoB notabilizou-se na defesa dessa posição.
Isto tendo sido o PCdoB o
partido mais atingido pela repressão nos vinte e um anos de vigência do regime
militar, de 1964 a 1985. Não mistura as coisas.
Demonstração do caráter de
classe revolucionário do PCdoB, que se reflete na compreensão da centralidade
da questão nacional no processo civilizatório brasileiro.
Sinal de que a democracia avança
no Brasil.
Leia mais sobre temas da
atualidade http://migre.me/kMGFD
Nenhum comentário:
Postar um comentário