IMPERDÍVEL
A gente se encontra lá. Você vai
gostar
Pesquisa
criteriosa, texto precioso: assim é o livro ‘Dossiê Itamaracá’, de Joana
Côrtes, que será lançado no Recife na próxima terça-feira, às 19h, na Livraria
Cultura do Paço Alfândega. A vida no pavilhão dos presos políticos na
Penitenciária Barreto Campelo, em Itamaracá, numa das mais duras fases da
ditadura militar. Com muito sucesso, o livro já foi lançado no Rio de Janeiro, em
São Paulo e em Aracaju.
A
propósito do lançamento em Aracaju, sua terra e a do seu pai, nosso camarada
Bosco Rolemberg (um dos ex-presos de Itamaracá), Joana escreveu:
“Hoje
eu não fui ninguém. Só me sobrou o coração rouco.
Ontem
fui todos, nós. Os girassóis cantaram suas horas, na noite do lançamento do
livro Dossiê Itamaracá em Aracaju. Vieram ao encontro, atenderam ao chamado, as
nossas pessoas, meu Sergipe.
Hoje
eu não sou ninguém, cansaço bom.
Ontem,
na roda de conversa com o público, fui as pernas de seu João Oliva, 93 anos de
caminhada, firmes e lúcidas. Fui a coragem juvenil de Manu Caiane, do coletivo
de feministas, 16 anos, e de Ivânia, companheira de militância de meus pais, lá
na frente, eram só uma e eram toda a multidão de mulheres, as de ontem e as que
virão. Fui seu Djalma, nosso vizinho antigo da Aloísio Braga, empréstimo
solidário nos dias raros. Fui universitário sem grana, muita gana, lendo os
livros de graça na livraria Cordel e bebendo de onde veio a inspiração
mobilizadora para a formação política, na boca de Edvaldo Nogueira.
Fui
minha comadre Camile D'Ávila Levita,
pelos lábios de Fernanda Lopes Cruz,
o medo existe, pra caralho!, o desafio é enfrentá-lo. Fui o aprendizado nas redações
de jornais, por George Silva. Fui,
sou, o olho lendo a rua, como me ensinou o grupo Imbuaça e como me aconselhou,
gaiteiro, Ira Bispo.
Fui
os olhos marejados da plateia, das Carolinas e Chris, das sobrancelhas
cúmplices de Janaína Santos
e Silvio Santos,
em pé, os dois, ao fundo do salão. Fui o black dessa pernambucana arretada, Mônica Montalvão.
Fui a poesia de Cleomar Brandi e a simplicidade de Samuel Firmino, ex preso
político, os dois que se foram, e ainda estão aqui, PRESENTES!
Fui
velha e fui menina.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário