Sérgio Moro já decidiu que o sargento agiu sozinho no caso da
coca
Luis Nassif,
Jornal GGN
Enquanto isto, permanecem intocados
Flávio Bolsonaro, o lugar-tenente Queiroz, as investigações sobre a autoria da
morte de Marielle.
O vice-presidente, general Hamilton Mourão, declarou o óbvio: o
tal sargento da aeronáutica não agiu sozinho. Têm-se, aí, um caso grave, um
problema que já afetou Forças Armadas de diversos países, mais ainda aquelas
que foram colocadas na linha de frente da luta contra a droga.
Na viagem, ele certamente tinha uma mala para seus
pertences pessoais, mais o adicional de 39 kg, que exigiria uma mala gigante.
Essa mala chegou no hangar da FAB, foi transportada até o avião.
Sendo o avião
da comitiva presidencial, supõe-se que seja submetido a fiscalização adicional
pelas próprias normas de segurança do Gabinete de Segurança Institucional
(GSI), incumbido de zelar pela segurança do presidente.
Depois, na chegara ao destino final, o sargento
carregava a mala, imensa. Mesmo se passasse pela alfândega, é evidente que não
passaria despercebida de seus colegas de voo. Além disso, há indícios de que
era reincidente na prática. Ou seja, havia um esquema azeitado de entrega dos
pacotes no hangar da FAB e de entrega no destino final.
Em países sérios, haveria uma imediata mobilização
das autoridades, do Ministro da Justiça, da Polícia Federal e do próprio
comando da Aeronáutica, para investigar o caso. E a principal suspeita seria de
uma organização criminosa atuando no âmbito da Aeronáutica.
A repercussão internacional mostra a gravidade do
episódio:
‘Financial Times’: “cocaína na
Espanha coloca Bolsonaro sob pressão”.
‘New York Times’ “Pó
branco, rostos vermelhos: carga de cocaína a bordo de avião presidencial do
Brasil”.
‘Le Monde’, de Paris, :
Bolsonaro foi sacudido pelo “Aero Coca”, depois de 39 quilos de cocaína terem
sido descobertos
A própria Aeronáutica, que é uma corporação idônea,
certamente está empenhada nessa apuração.
O que faz o Ministro da Justiça, Sérgio Moro?
Sua primeira atitude é afirmar que foi um caso isolado, antes mesmo de qualquer
análise.
Não se duvide da honra da FAB. Mas o pré-julgamento de
Moro, transformando um indício preocupante, de organização criminosa atuando na
FAB, em “ínfima exceção” visa exclusivamente fortalecer o apoio militar a ele,
no momento em que é exposta sua parcialidade na Lava Jato. E no momento em que
vai aos Estados Unidos, com a desculpa de se inteirar de técnicas na luta
contra o tráfico. E o responsável pela segurança do vôo, General Alberto
Heleno, diretor do GSI, explica que não tem o dom da adivinhação, incluindo um
componente novo nas normas de segurança: a adivinhação.
Pior! Servindo a um governo sobre o qual
pairam suspeitas sérias de envolvimento com o crime organizado, as milícias,
contra as quais Moro, até agora, não definiu uma estratégia de combate.
No mesmo momento, o 3º filho, Carlos
Bolsonaro, tuitava mensagem de apoio ao PL 1379/19 que, como explica com seu
estilo tormentoso, “anistia multas transportes coletivos que circulam nas
faixas de ônibus”.
Ora, transportes coletivos é um dos setores
preferenciais de atuação das milícias no Rio de Janeiro. É mais um avanço da
economia do crime sobre a economia formal.
Enquanto isto, permanecem
intocados Flávio Bolsonaro, o lugar-tenente Queiroz, as investigações sobre a
autoria da morte de Marielle.
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