A
dura fase do setor da construção
Luciano Siqueira
Na gestão do prefeito João Paulo
(2001-2008), cuidei do relacionamento entre nosso governo e segmentos
empresariais situados no território da cidade. Dentre eles, com destaque, o
setor da construção representado pelo Sinduscon e pela Ademi.
Pude acompanha a expansão do setor numa
conjuntura favorável a parti do governo Lula. Ponto para o Recife, vez que aí
reside historicamente percentual elevado de oferta de empregos.
Agora, o País afundado em crise
sanitária entrelaçada e sob a condução irresponsável do presidente Jair
Bolsonaro, o IBGE registra dados que dão a dimensão da retração a caminho da
recessão.
Uma queda bem maior do que a esperada
no primeiro trimestre deste ano. O Produto Interno Bruto do setor caiu 2,4% na
comparação com o quarto trimestre do ano passado.
Analistas atribuem como causas do
desastre a queda do emprego e da renda das famílias no fim do trimestre e as circunstâncias
limitantes impostas pela pandemia do coronavírus.
Como cerca de 40% do PIB do setor
advém de obras de pequenas e médias empreiteiras, há que se supor um longo
período de recuperação pela frente, no pós-pandemia.
Salvo se o governo federal acordar e
empreender o mesmo caminho da quase totalidade dos governos de economias dinâmicas
do mundo: investimentos públicos na veia.
Difícil acontecer sob a batuta da
dupla Bolsonaro-Guedes. Todo o raciocínio é fiscalista, de olho prioritário do
que consideram a saúde do setor rentista. A maioria da população que se vire. E
peça a proteção divina.
Por mais atento que esteja e busque
soluções criativas, o governo do Estado não tem margem de manobra, às voltas
com o desafio do equilíbrio fiscal em tempo de gastos extraordinários para salvar
vidas acima de tudo.
Expectativas negativas são anunciadas
por analistas a serviço do Sinduscon de São Paulo, que prevêem um segundo trimestre
pior ainda. O que deve se reproduzir pelo País afora.
Aí reside uma fatia do impasse brasileiro.
E o absurdo da estratégia do caos adotada pelo presidente da República. Suas pretensões
autoritárias e os limites rasteiros de sua percepção do drama nacional
conflitam aberta com as necessidades e aspirações da larga maioria dos
brasileiros. Tanto que economistas de cepa neoliberal convicta têm aberto mão
dos seus dogmas e feito coro com os que defendem uma intervenção estatal dinamizadora
das atividades econômicas.
Como assim?
Basta considerar dois dados. Um, a possibilidade
de o governo lançar mão de parcela de suas reservas monetárias e através de
fundo especial financiar atividades industriais, sobretudo. Outro: a emissão de
moeda, atribuição que cabe ao governo central, injentando valores no mercado
via emissão de títulos públicos.
Não será leviandade dizer: o governo dispõe
de re4cursos para socorrer o setor da construção e as demais atividades
dinâmicas da economia. É uma questão de decisão política.
Esse elemento há que compor um rol de
propostas de medidas anti-crise destinadas a dar concretude a uma ampla vontade
social e política em prol da salvação nacional.
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