28 fevereiro 2021

Futebol em roda viva

 

O futebol não descansa e ainda contribui para as aglomerações

Copa do Brasil começa a ser decidida neste domingo, enquanto outros torneios se iniciam

Tostão, Folha de S. Paulo

 

O Flamengo é bicampeão brasileiro. Neste domingo (28), começa a decisão da Copa do Brasil, entre Grêmio e Palmeiras. Iniciaram também os estaduais, a Copa do Nordeste, a Libertadores e outras competições. O futebol não descansa e ainda contribui para as aglomerações. Algumas pessoas perderam a dimensão da gravidade. Parece um prolongado suicídio coletivo.

Ao mesmo tempo em que estou cansado, com um ano de quarentena, de ver tanto futebol, programas esportivos e noticiários, que costumam ser iguais, a responsabilidade e o prazer de escrever, de ver belas partidas e a convivência com as pessoas queridas me ajudam a suportar essa tragédia. A vacinação, que está muito lenta, é a esperança. Aguardo, com paciência, a minha vez.

Em um campeonato por pontos corridos, no fim, predomina a qualidade do elenco, com algumas exceções. O Flamengo, apesar da má atuação, da derrota para o São Paulo, de ter levado um grande número de gols na competição e de outros atropelos, venceu porque tem melhores jogadores. Faltou ao Inter mais talento individual, além de ter vivenciado mais uma decisão polêmica, a não marcação do pênalti a seu favor, que poderia ter mudado a história do campeonato.

O Atlético-MG teve excelentes momentos, contratou muitos bons jogadores, mas não do nível dos que tem o Flamengo. O São Paulo surpreendeu, chegou perto do título, mas se liquefez, por vários motivos, principalmente pelo modesto elenco. A estratégia defensiva usada contra o Flamengo funcionou bem, mas para esse jogo e para esse momento.

Na Europa, o futebol também não para. Bayern e Manchester City são os times que têm atuado melhor. O PSG, com Neymar e Mbappé e, agora, com um técnico melhor, Mauricio Pochettino, é também forte candidato ao título europeu.

Guardiola, no início do Campeonato Inglês, teve uma crise de anormalidade, de mesmice, e escalou a equipe como a maioria dos outros técnicos faz com seus times. Deu errado, e ele voltou à lucidez, ao jogar apenas com um volante, dois meias avançados e com o ótimo lateral esquerdo Cancelo como um armador, próximo ao volante.

Filipe Luís joga mais ou menos assim no Flamengo, mas o time não tem um ponta aberto. Fica embolado pelo meio. Rogério Ceni pede para Bruno Henrique atuar mais pelo lado, mas ele brilha quando entra pelo meio, para finalizar e fazer dupla com Gabigol.

No jogo entre Borussia Monchengladbach e Manchester City, em Budapeste, na Hungria, em campo neutro, por causa dos problemas de entrada e saída de pessoas em alguns países, o bom comentarista Bruno Formiga, da TNT Sports, contou que o pai dele viu, no estádio, em Budapeste, o Honvéd jogar. A base da seleção húngara de 1954, um dos mais espetaculares times da história, onde jogava Puskás, que eliminou o Brasil da Copa do Mundo.

Imediatamente, lembrei-me da derrota do Brasil para a Hungria, em 1966, por 3 a 1. Fiz o gol da seleção. Eu tinha 19 anos. Ao falar da Hungria, lembrei-me também, do belo livro "Budapeste", escrito por Chico Buarque. Coincidentemente, comecei a ler o livro "O ar que me falta", de Luiz Schwarcz, fundador da editora Companhia das Letras, que narra a chegada ao Brasil de seus antepassados, vindos da Hungria.

Por tudo isso, passei a fazer planos de viajar a Budapeste, cidade que sempre pensei em visitar.

A mente funciona por meio de associações de ideias, de fatos e de sentimentos. As lembranças e os encontros são reencontros com o que vivemos e/ou imaginamos.

Veja: Imunidade parlamentar pra quê? https://bit.ly/2ZHFqJV

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