Luciano Siqueira
Dias atrás, um
manifesto em defesa da democracia subscrito por seis personalidades tidas como “presidenciáveis”
e, em seguida, declarações do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso colocaram
na ribalta articulações em busca de uma terceira via capaz de superar o
ex-presidente Lula e Jair Bolsonaro, numa hipotética disputa presidencial ano
que vem.
Entre os
subscritores do manifesto, apenas Ciro Gomes se situa à esquerda.
Na pregação de
FHC, uma vaga referência a um ideário “progressista no social e na economia”,
sem entretanto adiantar propostas para a superação da crise.
"Defendamos
a Constituição, que é democrática, e saudemos os políticos que creem que é
melhor apoiar quem possa chegar à Presidência sem representar um extremo",
escreveu ele em artigo publicado no jornais O Globo e O Estado de São Paulo.
Vozes à
esquerda de pronto apontaram o dedo contra alguns dos participantes dessa empreitada,
alegando tratar-se de ex-apoiadores de Bolsonaro.
Se o apoiaram
antes, por que rompem agora?, como se estranho fosse a mudança constante de
composição nas alianças políticas, movida pela evolução da realidade concreta e
divergências de diversos quilates.
Evidente que
se trata de articulações destinadas, em parte, a enfraquecer uma possível
candidatura de Lula assentada em arco amplo de alianças.
Lula isolado à
esquerda não os ameaçaria. Numa frente eleitoral ampla, sim.
Ninguém pode
ser demonizado por mexer pedras no tabuleiro segundo seus interesses e
pretensões. Salvo pelos que não compreendem que uma das variáveis táticas essenciais
da luta é precisamente acolher desgarrados do campo adversário, para isolá-lo e
enfraquece-lo.
Ora, nas articulações
dos tais “presidenciáveis” e de FHC o mais importante neste instante é
sublinhar a consolidação do isolamento de Bolsonaro.
Isso move
águas para o leito comum da oposição, respeitadas as diferenças.
E como composições
amplas e capazes de vencer uma grande batalha não se firmam no início da caminhada,
mas se concretizam lá adiante, melhor é manter o gume do combate no inimigo comum,
ao invés de acentuar defeitos e incoerências entre os que também o combatem.
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