O papel da Petrobras na vida dos brasileiros
Renildo Calheiros, portal Vermelho
A Petrobras tem de buscar a remuneração justa do investidor, mantendo-se
capitalizada. Tem de investir em melhorias na empresa. Paralelamente, deve
também cumprir seu compromisso histórico de contribuir com a economia nacional
e o povo brasileiro.
Sucessivos
aumentos dos preços de alimentos, de combustíveis e de gás, que penalizam
famílias brasileiras, revelam a urgência em solucionarmos o conflito de
interesses, que hoje nega a história da Petrobras como instrumento de
desenvolvimento econômico e social do Brasil.
Como
dizia o escritor Monteiro Lobato, “o petróleo é nosso!” Em meio a esse
sentimento de pertencimento, a estatal petrolífera acabou nascendo em 1953,
como expressão de ampla campanha dos cidadãos nas ruas, das entidades
nacionalistas e do governo Getúlio Vargas.
Passados
quase 68 anos desde a fundação, a Petrobras tem o papel desvirtuado pelo
presidente Jair Bolsonaro. Sob o comando do ministro da Economia, Paulo Guedes,
esse governo aprofundou equívocos da nova política de preços da empresa,
implantada pelo presidente Michel Temer em 2016.
O
mercado interno de combustíveis está dolarizado. O governo escolheu a lealdade
absoluta ao lucro dos acionistas minoritários da Petrobras ao praticar preços
internacionais, estimulando o aumento da gasolina e do diesel. Esqueceu dos
consumidores que clamam pelo alívio da penúria em meio à grave crise sanitária.
Na
prática, o conceito denominado “Paridade de Preços Internacionais” (PPI)
prejudica a sociedade brasileira ao adotar uma política de preços de curto
prazo, submetida às especulações sobre o preço do petróleo e do dólar no
mercado internacional.
A
volatilidade e incertezas do mercado global, portanto, repercutem de forma automática
em toda economia nacional, gerando alta generalizada de preços de produtos no
nosso país. A inflação se alastra. Afinal, o reajuste dos combustíveis encarece
as mercadorias, em grande parte transportadas pela rede rodoviária. A greve dos
caminhoneiros em 2018, que gerou desabastecimento, traduziu essa tensão
crescente na população.
É
inaceitável que prevaleça a visão neoliberal de Guedes. Somos contra a
privatização. A Petrobras tem de buscar a remuneração justa do investidor,
mantendo-se capitalizada. Tem de investir em melhorias na empresa.
Paralelamente, deve também cumprir seu compromisso histórico de contribuir com
a economia nacional e o povo brasileiro.
É
fundamental aumentarmos nossa capacidade de refino de petróleo para não
precisarmos mais importar. Em 2020, importamos 22% do diesel e 15,6% da
gasolina. Ou seja, a maior parte dos combustíveis já é produzida no país a um
custo mais baixo. Podemos alcançar a autossuficiência e ainda exportar.
Especialistas
estimam que custo médio por barril seria cerca de US$ 45 no Brasil. No cálculo
baseado em balancetes da Petrobras, eles levam em conta o custo da extração do
óleo do pré-sal, valor mínimo para viabilizar o projeto, depreciação de
equipamentos, amortizações de investimentos, despesas administrativas e de
transporte, custo de refino e lucro.
No
mercado internacional, o barril é vendido por cerca de US$ 60. Sobrariam então
US$ 15. Esse excedente do petróleo pode ser utilizado para investir em
refinarias. Dessa forma, conseguiremos atender a toda demanda interna a um
custo bem mais baixo, sem sermos afetados pelos elevados preços internacionais.
Esses valores extras também poderiam ser aplicados na melhoria da
infraestrutura, em áreas essenciais e na inevitável transição energética no
país.
Sendo
assim, o governo Bolsonaro precisa mudar o foco, a PPI não pode ser
inegociável. Temos de resgatar a valorização da nossa empresa petrolífera como
indutora da economia nacional.
Conforme
a Constituição, os donos do petróleo são os brasileiros, mas o povo está
historicamente excluído das riquezas geradas em solo nacional. A última
descoberta foi o pré-sal em 2007: pelo menos 5 bilhões de barris a serem
explorados. Talvez, esta seja nossa última chance de aproveitar esse tesouro
para dar um salto econômico e social no Brasil.
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Para sua informação: Três pontos sobre a CPI da Covid https://bit.ly/2P5l2AZ
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