O PPI citado pelo petista é o Projeto Piloto de Investimentos e existe exatamente para abrandar o arrocho. Criado em 2004 num acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), protege certos investimentos da política de corte de gastos. Tomando-se dados de 2006, funciona assim: o governo tem meta de superávit de 4,25% do PIB e reservou 0,14% do PIB para o PPI. Se gastar tudo do PPI e cumprir o superávit à risca, sem exagerar na dose, faria este ano, na prática, um arrocho de 4,11% do PIB.
O relaxamento do superávit nos próximos anos é visto como possível por dois economistas especialistas em política fiscal que pertencem a linhas distintas de pensamento. Um é ligado à corrente “desenvolvimentista”, que acha que o “mercado” move-se pela gula e não tem motivo técnico para esfolar o Estado com juro abusivo. Outro identifica-se com o “mercado” e vê razões técnicas (nível de gastos do governo) para o juro alto.
Para o “desenvolvimentista” Francisco Lopreato, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), depois de anos de superávit, o arrocho finalmente produzirá resultados e poderá ser suavizado. “Qual é o objetivo do superávit? Pagar uma parcela dos juros, para a relação dívida/PIB não explodir. Portanto, se ela cair, pode relaxar o superávit.”
Mais próximo do “mercado”, Fábio Kanczuk, da Universidade de São Paulo (USP), concorda que o arrocho está prestes a cumprir sua missão e aposta na confirmação das condições previstas pelo PT – queda do juros, aceleração do crescimento e recuo da relação dívida/PIB. “Por incrível que pareça, apesar de todos os ‘ses' [condicionantes], há uma probabilidade muito grande de acontecer. E, se a dívida cai, é natural não precisar desse superávit primário tão alto.”
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