27 outubro 2006

Bom dia, Adalberto Monteiro


Ode aos olhos

Não fossem os olhos
quanta coisa deixaria de ser expressa!
Os olhos, num átimo,
comunicam
o que um calhamaço
de folhas impressas
seria incapaz.

Os olhos,
o meio mais intenso,
denso, de comunicação.
Há algo tão exuberante
quanto os gritos de dor e revolta
nos olhos de uma baleia
com um arpão preso
à carne, aos ossos?
Algo mais universal
que duas gotas salgadas
no canto dos olhos?

Os olhos,
sem sua linguagem
quantas vidas teriam perecido,
quantos amores teriam deixado
de se reatar.

Sem o afã de traduzirmos a infinita
riqueza do idioma dos olhos
à fala,
à escrita,
quantas palavras e frases imprescindíveis
teriam se perdido?

Os olhos,
sem seus signos
quantos segredos
não seriam conosco
sepultados no túmulo?

Nenhum comentário: