Contra hegemonismo, sem ruptura

No Jornal do Commercio:
Luciano Siqueira critica o hegemonismo petista
. O vice-prefeito do Recife, Luciano Siqueira (PCdoB), criticou, ontem, em seu blog, a postura “exclusivista” do PT tanto no governo federal, quanto na Central Única dos Trabalhadores (CUT). Segundo ele, o hegemonismo petista tem levado a dificuldades de relacionamento com o PCdoB. Luciano alerta que, no movimento sindical, essa conduta do PT pode levar comunistas e sindicalistas independentes a romper com a CUT, criando uma nova central sindical.
. De acordo com ele, a primeira conseqüência das dificuldades entre aliados foi a criação do Bloco de Esquerda na Câmara dos Deputados, que reúne PCdoB, PSB, PDT, PMN, PAN, PHS e PRB. “O bloco procura fazer contraponto ao rolo compressor PT-PMDB, tendo como mote a disputa de posições quanto aos rumos da economia e do governo, agora também com possível rebatimento na esfera sindical”, explica. No blog, Luciano avalia que o surgimento do bloco foi também uma reação à “tendência do PT ao centro, manifestada pela priorização das relações com o PMDB”.
. Em conversa com o JC, o vice-prefeito lembrou que, no último congresso da CUT, pelo princípio da proporcionalidade, o vice-presidente da entidade, Wagner Gomes (PCdoB), deveria ter sido reconduzido ao cargo, mas o PT teria colocado obstáculos. A solução do impasse foi a criação de outra vice-presidência, para contemplar as duas siglas. “Não havia necessidade de outra vice-presidência, mas fatos como esses, que caracterizam o exclusivismo petista, vêm acontecendo há alguns anos”, disse.
. Luciano ressaltou que o afastamento da CUT, no entanto, é ainda uma hipótese e que as dificuldades de relacionamento com o PT não levam a uma ruptura, mas a “certo distanciamento e à busca de outras alternativas”. No blog, o comunista afirma que a mudança nas relações com o PT poderá ter reflexo nas alianças para as disputas municipais em 2008. Segundo ele, no entanto, as “realidades políticas locais determinam, em alguns casos, a prevalência das relações entre o PCdoB e o PT, exatamente onde os dois partidos convivem harmonicamente”.