01 outubro 2009

Coluna semanal no portal Vermelho www.vermelho.org.br

Demo-tucanos udenistas
Luciano Siqueira


Como antigamente. Afinal, a História se repete, mesmo como farsa, não é? Tal como a UDN, partido da elite direitista articulada com o grande irmão do norte, a oposição demo-tucana faz muito barulho, carece de propostas consistentes para o país e adora seguir o império norte-americano, mesmo quando se trata de defender golpes de Estado, esse anacronismo que teima em recrudescer de vez em quando em nosso subcontinente.

A UDN (União Democrática Nacional), que teve presença ativa na cena política da redemocratização, em 1946, ao golpe militar de 1964, adotava a consigna “o preço da democracia é a eterna vigilância”. E vigiava toda e qualquer possibilidade de avanço no sentido da afirmação do Brasil como nação soberana, da ampliação dos processos democráticos ao povo e de novas conquistas sociais. No auge do movimento pelas reformas de base, fim dos aos 50 e início dos anos 60, pregava abertamente o golpe. Daí se tornar conhecido, o partido, como vivandeira dos quartéis. Um dos seus próceres mais proeminentes, Carlos Lacerda, chegou a dizer de Juscelino que não podia ser eleito; se fosse eleito não deveria tomar posse; e se tomasse posse teria que ser derrubado. Até que conseguiu, de mãos dadas com os militares e sob as tutela do Departamento de Estado dos EUA, o golpe de 1964.

Mas o mundo dá muitas voltas e o Brasil também. Após 25 anos de regime militar, sob pressão popular e de amplos segmentos da sociedade e mediante penoso “acordo por cima”, restaurou-se nossa tênue democracia. E por caminhos tortuosos, chegamos aonde chegamos: sob o governo de centro-esquerda liderado pelo operário metalúrgico, o país enfim envereda pela superação do neoliberalismo e dá passos no rumo antes interrompido (em 1964) e vislumbra um futuro soberano, mais democrático e socialmente menos injusto. Aí a velha UDN reaparece enrustida no PSDB e no Democratas, reproduzindo com feição semelhante, o discurso e a prática de outrora.

Alguma proposta alternativa ao rumo que o país segue? Não. Alguma contribuição efetiva para que o processo democrático avance? Nada disso. Importa paralisar o governo, se possível o país, no desejo de que desse modo se instaure o impasse político e social e, quem sabe, tenha alguma chance de recuperar as rédeas da nação no pleito de 2010. Daí a gritaria demagógica em prol da moralidade pública (sic), o manejo de CPIs desprovidas de fundamento e inócuas, a obstrução parlamentar não como exceção mas como regra de conduta na Câmara e no Senado.

E para completar, os neo-udenistas acabam de receber o sinal verde de Washington e passam a desancar o presidente deposto Zelaya, de Honduras, como se fosse ele o golpista! Como corrente política, retomam o fio da própria História e encurtam o caminho para a cesta do lixo.

Um comentário:

Fernando Wucherpfennig disse...

Luciano, sim talvez vc tenha razão, mas mecher no baú da história não faz avançar nada nos tempos modernos, até porque os nossos jovens não tem como entender estas suas colocações,deixe isto para nossos historiadores e coloque assuntos mais atuais e cruciais.Recife está afundando no seu esgoto, Suape está detonando a natureza, gerando mais favelas e vai por ai afora,querido!!!!