10 outubro 2011

Nada de extraordinário na coalizão governista

Na Frente Popular, nem mortos nem feridos
Luciano Siqueira

Para o Blog da Folha

Parece aquela cena banal: o sujeito vem de casa atormentado por mil problemas e no primeiro diálogo com um colega de trabalho descarrega sua angústia com palavras ásperas e inoportunas. Das duas, uma: quem o escuta retruca na mesma moeda, e o caldo entorna; ou respira fundo e tenta compreender. Na primeira hipótese cria-se um ruído que pode levar à inimizade. Na segunda, algumas horas após tudo terá voltado à normalidade.

Nas duas últimas semanas de setembro e primeiros dias de outubro, as folhas locais registraram declarações de importantes lideranças partidárias de teor questionável, referentes ao movimento de mudança de legenda que muitos fizeram, tendo em vista o pleito de 2012.

Questionável o teor porque não soa coerente reclamar do vizinho por abrigar um ex-militante saído de suas hostes, quando os cartórios registram situações semelhantes, que lhe beneficiam. Ora, a mudança de partido é permitida pela lei e estimulada pelas circunstâncias pré-eleitorais no cenário de um espectro partidário ainda frágil e sob muitos aspectos inconsistente. Da parte de quem retruca, nada sensato botar mais lenha na fogueira. Então, cabe a cada um encarar a realidade como ela é, e não como gostaria que fosse.

Demais, estamos a um ano das eleições vindouras. Daqui até junho, quando acontecerão as convenções partidárias, tem muito chão – e tempo para que, pelo diálogo, as alianças se configurem sem que necessariamente tenhamos que contabilizar discrepâncias profundas e irremediáveis. É possível, sim, transpor o episódio eleitoral municipal sem que a convergência em torno do projeto de desenvolvimento de Pernambuco e do apoio ao governo da presidenta Dilma sofra fissuras irreparáveis.

Para tanto, cabe a todos os que detêm responsabilidade partidária e audiência pública se comportarem de modo elevado, mutuamente respeitoso, paciente. No troca-troca de legendas, não há mortos nem feridos. Há apenas uma reagrupação de forças e de projetos (legítimos), que caberá ao eleitor julgar.

(Pior, muito pior é a situação do DEM e do PPS, que em Pernambuco sofreram sangrias importantes, tornando-se mais anêmicos ainda e enfraquecendo a desnorteada e combalida oposição).

Após o dia 14, quando o TRE conclui os procedimentos legais de reconhecimento das filiações encaminhadas pelos partidos, o sol nascerá para todos – e cada um se beneficiará conforme a justeza de seus propósitos, a habilidade em apresenta-los e a competência para unir forças. Sem estresse.

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