15 outubro 2011

A prosa poética de uma jovem lider estudantil

Primavera
Por Virgínia Barros, diretora da UNE, em seu blog (entre tantos loucos e livres)

Para mim, são importantes os rituais de passagem. Quando criança, eram as compras de material escolar no mês de Janeiro que me faziam perceber que uma nova série chegava e desafios variados se avizinhavam. Nem sempre havia lá em casa dinheiro para comprar novas canetinhas, mas só o rito de encapar um novo caderno me enchia de expectativas diante das futuras conversas de sala de aula e correrias na hora do recreio.

Alguns anos depois, são outros os rituais. Confesso que certas mudanças dão à minha vida esse aspecto incoerente. Ocorre que uma infinita quantidade de pequenas revoluções se acumulam em mim distraidamente até o dia em que me encaro e percebo: “Como tudo está diferente”. Então paro. Estranho. Choro. Respiro. Sinto. Sigo. Vendo as flores desabrocharem aqui em Belo Horizonte, penso comigo que o segredo para seguir em frente é nunca esquecer que haverá primavera.

Para os novos dias de Sol, nada de coisas impossíveis para que a vida possa ser mais bem vivida. Quero sambas, cochilos, leituras amenas, cerveja gelada, pés se confundindo embaixo do lençol. E sentir aqui de longe os abraços dos amigos de sempre, pois essas gotinhas de saudade derramadas na receita oferecem um gosto mais doce ao paladar da gente.

"Aprendi com a primavera a me deixar cortar. E a voltar sempre inteira."

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