Sistema tático é uma
referência aos atletas de que há ordem
Há treinadores estudiosos que não se
tornam excelentes porque não têm a técnica sobre como fazer
Tostão, na Folha de S. Paulo
Contra
o Talleres, a atuação do São
Paulo foi desastrosa, um horror. O time jogou com cinco atrás,
colados à grande área (dois laterais, dois zagueiros e um volante), quatro na
frente, perto do gol, e apenas um armador, Hernanes, em um imenso espaço. Ele
corria com a bola e a perdia. Certamente, não era o que Jardine queria.
Assim
como existem jogadores extremamente habilidosos, que não se tornam craques
porque têm pouca técnica, há treinadores estudiosos, que não se tornam
excelentes porque não têm a técnica sobre como fazer. É o que Jardine terá de
aprender.
O Corinthians
jogou mal contra o mistão do Racing, mas muito melhor que o São
Paulo contra o Talleres. Neste domingo (17), quem será o menos ruim?
Na vitória sobre o
Flamengo, o Fluminense se destacou pela pressão em quem estava com a
bola e pelo bom posicionamento defensivo, uma evolução de Fernando Diniz. O
time teve mais posse de bola, mas faltou talento para trocar passes e chegar ao
gol. Já o Flamengo não jogou, por causa da marcação do Flu e pela própria
ineficiência técnica e tática. O fato serve para o torcedor flamenguista
descobrir que os jogadores são bons, mas não são craques.
As
comparações sobre quem foi melhor são cada vez mais frequentes nos programas
esportivos. Devem dar muita audiência. Algumas comparações são difíceis, como
as entre atletas de gerações diferentes, ainda mais quando um deles não
terminou a carreira.
Nas
análises, mais importantes que as estatísticas e os títulos conquistados,
individuais e coletivos, são o repertório e o nível técnico dos atletas. Pelé
foi o melhor de todos, porque possuía, no mais alto nível, todas as
características e virtudes de um grande atacante. As conquistas dependem de
inúmeros fatores. Os mais premiados nem sempre são os melhores, mas os que
atuaram nas equipes campeãs.
A
regularidade também é importantíssima, mas, muitas vezes, não depende da
vontade e do profissionalismo do atleta. Não se deve confundir tempo de
carreira com esplendor técnico. Muitos craques brilham em alguns anos e,
depois, administram a fama.
Se
Ronaldinho Gaúcho tivesse jogado por uns dez anos o que jogou em dois ou três,
estaria na história entre os melhores depois de Pelé.
As
avaliações deveriam ser somente técnicas, pelas conquistas, e não pelo
comportamento fora de campo. Os grandes talentos, de todas as áreas, são
especiais por suas obras. Às vezes, chamam a atenção pelo estrelismo e pela
esquisitice. Faz parte do show. Não se deve misturar o comportamento
histriônico, fora de campo, com profissionalismo.
Por
causa de seus chiliques, Neymar tem sido bastante criticado. Vi as imagens das
seguidas pancadas recebidas por ele, até fraturar o pé. Em um programa
esportivo, quase só se falava no excesso de dribles do jogador, que
facilitariam as faltas violentas, como se o culpado fosse seu talento.
Apesar
de gostar de firulas, Neymar, na maioria das vezes, dribla em direção ao gol.
Além disso, após a Copa do Mundo, quando foi, merecidamente, criticado e
ironizado, ele parou de simular e de fazer gestos teatrais.
Os
grandes craques, inventivos e transgressores, são as estrelas do jogo, do espetáculo.
O sistema tático, importante, é uma referência aos atletas de que existe uma
ordem, um planejamento. Funciona como um superego, uma ação repressora.
Da
mesma forma, nós racionalizamos nossas emoções, desejos, para tentar nos
proteger do acaso, do espanto e do mistério.
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